Em 1962, nascia uma sensual mulher que deixaria sua marca
mostrando ao mundo a que veio, estou me referindo a Barbarella, a
sensual heroína espacial, vivendo no distante mundo futurista do século
40, e seria marcada pela forma de derrotar os seus adversários através
de todo o seu charme e sensualidade provocante.
Assim é como posso
definir a mais sensual heroína que as Histórias em Quadrinhos já
conheceu. Publicada pela primeira vez na primavera europeia de 1962,
pelo francês Jean-Claude Forest(1930-1998), cuja primeira aparição foi
nas páginas da revista francesa V-Magazine, numa época marcada pelo momento turbulento em que o mundo vivia o auge da Guerra Fria, marcada pelas turbulentas brigas
políticas, ideológicas, armamentistas e também pela corrida espacial
entre duas grandes potências EUA(Capitalista) e URSS(Comunista), também marcado pelo surgimento da contracultura, tendo uma juventude se rebelando contra os costumes conservadores dentro de suas famílias, a brigas pelos direitos civis, entre eles os movimentos feministas e junto vinha também a Revolução Sexual, as músicas revolucionárias dos movimentos do Rock´n´Roll dos Beatles e Rolling Stones, a psicodelia, o
surgimento de novos movimentos cinematográficos de Vanguarda na Europa,
como a Nouvelle Vogue(Nova Onda) na França, entre tantos momentos
marcantes que até hoje simbolizam essa época tão efervescente como
foram os anos 1960, e pode se dizer que Barbarella simboliza bem esse
período tão importante para arte sensual dos quadrinhos como nenhuma
outra. Muitos chegam a comparar Barbarella a uma James Bond de saias do
espaço, devido ao tamanho de apelo sensual que ela carrega para uma heroína salvadora da humanidade, o
que já a não ser visto com bons olhos, e por causa disso Forrest acabou
tendo de lidar com a censura feita a sua obra. O desenhista e escritor Forest
idealizou sua sensual heroína na beleza da sensual musa francesa
Brigitte Bardot, dando todo uma atmosfera de erotismo, com uma pitada de
outros heróis de quadrinhos do espaço, como Flash Gordon, por exemplo.
A inovação do vanguardismo de Barbarella, fez com que seu criador Forest, pagasse muito caro, isso porque não demoraria muito para que grupos conservadores tentassem a impor uma censura as publicações dela na revista V-Magazine, o que não adiantou de nada, porque a sensual e provocante heroína
espacial conquistou um número estrondoso no mercado de HQs, Barbarella
gerou uma grande explosão, um grande “frenesi causado mundo afora pela
aventureira espacial ninfomaníaca foi tamanha que na sua esteira
apareceram Valentina, Jodelle, Expoxy, Scarlet Dream e outras mulheres
fatais-um exercito de liberdade e libertinagem.” Ou seja, Barbarella foi
responsável pelo de uma nova leva de quadrinhos eróticos femininos,
produzido por desenhistas europeus, criando assim uma “Era de Ouro” dos
quadrinhos eróticos europeus.
Essa
sensual personagem serviria posteriormente de inspiração para uma
adaptação cinematográfica lançada em 1968, dirigida pelo francês Roger
Vadim(1928-2000), diretor do consagrado “E Deus Criou a Mulher”(1956),
estrelada pela sensual Brigitte Bardot , então esposa do diretor, que
ficou marcada pela celebre cena de nudez da BB, na primeira cena dela na
varanda de sua casa, mostrando as costas, e o quadril tão bem
delineado, que levou a plateia ao delírio, e a
transformou numa sex symbol(Símbolo Sexual), e gerou uma grande
repercussão mundial, chegando até a ser proibida sua exibição em países
católicos mais conservadores. Com roteiro de Terry Southern(1924-1995),
famoso na época pelo seu estilo de escrita satírico, acompanhou o surgimento dos escritores que faziam do movimento beat, formado
pela geração jovem Pós-Segunda Guerra Mundial, autor de diferentes
livros, seu currículo no cinema inclui além de Barbarella, Dr.
Fantástico(1964), dirigida por Stanley Kubrick, Sem Destino(1969),
dirigido por Denis Hopper, entre outros títulos, com a produção do
italiano Dino de Laurentiis(1919-2010), responsável por ter comprado os direitos autorais, para adaptação ao cinema, que além de Barbarella, produziu também os filmes de Flash Gordon, Serpico, Os Três Dias do Condor, Duna, Hanniball, Dragão Vermelho e dois
filmes de Conan, O Bárbaro, lançados na década de 1980, e por fim
estrelada pela bela Jane Fonda, filha do ator Henry Fonda(1905-1982), e
irmã do também ator Peter Fonda, que por causa da personagem viraria uma
símbolo sexual, e então, esposa do diretor Roger Vadim. Antes de o papel ficar com Jane Fond, outras duas belas atrizes europeias, que eram também consideradas as símbolos sexuais, musas nos anos 1960, como a francesa Brigitte Bardot, ex de Vadim, e a italiana Sofia Loren tinham sido as escaladas para protagonizar Barbarella, mas ambas acabaram recusando. E foi ao saber disso, que Vadim entusiasmado, conseguiu convencê-la a aceitar o papel. Pode
se dizer que a junção destes diferentes elementos, foram os
responsáveis por terem transformado o filme numa obra-prima do Cult
movie, apesar do fracasso nas bilheterias na época, mas serviu inclusive
de referências para a cultura pop, como por exemplo, a
banda inglesa Duran Duran, tirou o seu nome em referencia ao vilão do
filme, vivido pelo Milo O´Shea e compuseram até uma música em referencia a heroína com "Eletric Barbarella". Conquistando a admiração de muitos fãs
do gênero, que
chegam a considerar esse filme, se me desculpem a polêmica que irei
provocar nessa minha colocação, como pioneiro em adaptação de uma HQ.
Bem, polêmicas a parte, o que eu posso descrever sobre o filme do qual
eu tenho em DVD, do qual vez por outra assisto diversas vezes para
apreciar um filme que foi bastante inovador para a época, conseguindo transpor a uma atmosfera única, mesclando pitadas
de comédias, cenas de tiroteio espacial, e muita, mas muita imaginação,
muita criatividade, para uma época de recursos tecnológicos tão
escassos, eles souberam como brincar com a arte do surrealismo, e um pouco também de psicodelia nesse filme, com direito a algumas pitadas de erotismo, principalmente na clássica primeira cena
da heroína vagando na sua espaçonave em grávida zero, fazendo um
striptease tirando sua roupa de astronauta. Eu posso definir é de todas
as heroínas das HQs, é a que tem mais apelo erótico.
FONTE:
BARBARELLA 50 ANOS, MAS COM CORPINHO DE 25, Matéria da edição de Maio de 2012 da Revista Playboy.