terça-feira, 20 de setembro de 2016

BARBARELLA: A HERÓINA SIMBOLO SEXUAL DOS ANOS 1960



Na Primavera europeia de  1962, nascia uma sensual mulher que deixaria sua marca mostrando ao mundo a que veio, estou me referindo a Barbarella, a sensual heroína espacial, vivendo no distante mundo futurista do século 40, e seria marcada pela forma de derrotar os seus adversários através de todo o seu charme e sensualidade provocante. Assim é como posso definir a mais sensual heroína que as Histórias em Quadrinhos já conheceram. Criação  do francês Jean-Claude Forest(1930-1998), cuja primeira aparição foi nas páginas da revista francesa V-Magazine,   numa época marcada pelo momento turbulento cenário  em que o mundo vivia o auge da Guerra Fria, marcada pelas turbulentas  brigas políticas, ideológicas, armamentistas e também pela corrida espacial entre duas grandes potências EUA(Capitalista) e URSS(Comunista),  também marcado  pelo surgimento  da contracultura, tendo uma juventude se rebelando contra os costumes conservadores dentro de suas famílias, a brigas pelos  direitos civis, entre eles os movimentos feministas e junto vinha também a Revolução Sexual,  as músicas revolucionárias dos movimentos do Rock´n´Roll dos Beatles e Rolling Stones, a arte psicodélica,  o surgimento de novos movimentos cinematográficos de Vanguarda na Europa, como a Nouvelle Vogue(Nova Onda) na França, entre tantos momentos marcantes que até hoje simbolizam essa época tão efervescente  como foram os anos 1960. 

 








 Pode se dizer que Barbarella simboliza bem esse período tão importante para arte sensual dos quadrinhos como nenhuma outra. Muitos chegam a comparar Barbarella a uma James Bond de saias do espaço, devido ao tamanho  de apelo sensual que ela carrega para uma heroína salvadora da humanidade,  o que já a não ser visto com bons olhos, e por causa disso Forrest acabou tendo de lidar com a censura feita a sua obra. O desenhista e escritor  Forest idealizou sua sensual heroína na beleza da sensual musa francesa Brigitte Bardot, dando todo uma atmosfera de erotismo, com uma pitada de outros heróis de quadrinhos do espaço, como Flash Gordon, por exemplo.











A inovação do vanguardismo de Barbarella,  fez com que seu criador Forest, pagasse muito caro, isso porque não demoraria muito para que grupos conservadores  tentassem a impor uma  censura as publicações  dela na revista V-Magazine,  o que não adiantou de nada, porque  a sensual e provocante  heroína espacial conquistou um número estrondoso no mercado de HQs, Barbarella gerou uma grande explosão, um grande “frenesi causado mundo afora pela aventureira espacial ninfomaníaca foi tamanha que na sua esteira apareceram Valentina, Jodelle, Expoxy, Scarlet Dream e outras mulheres fatais-um exercito de liberdade e libertinagem.” Ou seja, Barbarella foi responsável pelo surgimento de uma nova leva de quadrinhos eróticos femininos, produzido por desenhistas europeus, criando assim uma “Era de Ouro” dos quadrinhos eróticos europeus.









Essa sensual personagem serviria posteriormente de inspiração para uma adaptação cinematográfica lançada em 1968, dirigida pelo francês Roger Vadim(1928-2000), diretor do consagrado “E Deus Criou a Mulher”(1956), estrelada pela sensual Brigitte Bardot , então esposa do diretor, que ficou marcada pela celebre cena de nudez da BB, na primeira cena dela na varanda de sua casa, mostrando as costas, e o quadril tão bem delineado,  que levou a plateia ao delírio, e  a transformou numa sex symbol(Símbolo Sexual), e gerou uma grande repercussão mundial, chegando até a ser proibida sua exibição em países católicos mais conservadores. 










Com roteiro de Terry Southern(1924-1995), famoso na época pelo seu estilo de escrita satírico, acompanhou  o surgimento dos escritores que faziam do movimento beat,  formado pela geração jovem Pós-Segunda Guerra Mundial, autor de diferentes livros, seu currículo no cinema inclui além de Barbarella, Dr. Fantástico(1964), dirigida por Stanley Kubrick, Sem Destino(1969), dirigido por Denis Hopper, entre outros títulos, com a produção do italiano Dino de Laurentiis(1919-2010),  responsável por ter comprado os direitos autorais, para adaptação ao cinema, que além de Barbarella,  produziu também os  filmes de Flash Gordon, Serpico, Os Três Dias do Condor, Duna, Hanniball, Dragão Vermelho e  dois filmes de Conan, O Bárbaro, lançados na década de 1980, e por fim estrelada pela bela Jane Fonda, filha do ator Henry Fonda(1905-1982), e irmã do também ator Peter Fonda, que por causa da personagem viraria uma símbolo sexual, e então, esposa do diretor Roger Vadim.  Antes de o papel ficar com  Jane Fonda, outras duas belas atrizes europeias,  que eram também  consideradas as símbolos sexuais, musas nos  anos 1960,  como a francesa Brigitte Bardot, ex de Vadim,  e a italiana Sofia Loren tinham  sido  as escaladas para protagonizar  Barbarella, mas ambas acabaram recusando. E foi ao saber disso, que Vadim entusiasmado, conseguiu convencê-la a aceitar o papel.  Pode se dizer que a junção destes diferentes elementos, foram os responsáveis por terem transformado o filme numa obra-prima do Cult movie, apesar do fracasso nas bilheterias na época, mas serviu inclusive de referências para a cultura pop, como por exemplo,  a banda inglesa Duran Duran, tirou o nome em referencia ao vilão do filme, vivido pelo Milo O´Shea, inclusive fizeram uma música nos anos 1980 chamada de Eletric Barbarella o que comprova esta referencia. Conquistando a admiração de muitos fãs do gênero, chegando  a considerar esse filme, se me desculpem a polêmica que irei provocar nessa minha colocação, como pioneiro em adaptação de uma HQ. Bem, polêmicas a parte, o que eu posso descrever sobre o filme,   foi bastante inovador para a época, conseguindo transpor a uma atmosfera única, mesclando  pitadas de comédias, cenas de tiroteio espacial, e muita, mas muita imaginação, muita criatividade, para uma época de recursos tecnológicos tão escassos, eles souberam como brincar com a arte  do surrealismo do cenário escapista espacial, com pitadas psicodélicas nesse filme, com direito a algumas pitadas de erotismo, principalmente na clássica  primeira  cena da heroína vagando na sua espaçonave em grávida zero, fazendo um striptease tirando sua roupa de astronauta. Eu posso definir é de todas as heroínas das HQs, é a que tem mais apelo erótico, do qual ela consegue manter de forma atemporal. Ainda que não seja um bom exemplo de filme de heroína a quem muitos esperam ver, por causa do tom sexista, vale a pena dá uma conferida neste filme, pelo menos pela curiosidade.   

FONTE:
BARBARELLA 50 ANOS, MAS COM CORPINHO DE 25, Matéria da edição de Maio de 2012 da Revista Playboy.

domingo, 11 de setembro de 2016

RESENHA DA HQ PARSIFAL








“Parsifal” trata-se de uma HQ fantástica de autoria dos potiguares Alexsandro Alves no roteiro e Antonieto Pereira nos desenhos. Além de contar com Marcos Guerra e Carol Souto na ilustração da capa colorida.   Esta é a primeira de uma série de sete edições. Neste primeiro volume, o roteiro de Alexandro Alves nos apresenta um ótimo enredo, ambientado num cenário muito escapista, em outra dimensão cósmica, mostrando um clima de conflito  entre as entidades de diferentes povos antigos, dos gregos,  passando pelos incas, vikings, egípcios e também cristãos, com um conteúdo  profundamente filosófico e reflexivo sobre a nossa atual realidade. Explorado no bom traço do Antonieto Pereira todo ilustrado em preto e branco que cria uma ótima identidade visual melancólica a obra que ficou sensacionalmente fascinante. Para quem gosta deste tipo de quadrinho escapista ele é bem envolvente, o final termina num momento que dá aquele gostinho de comprar a próxima edição de Parsifal trazendo a sequencia dos acontecimentos. Recomendo procurarem esta edição na Loja K-Ótica. Ainda mais que na primeira folheada aparece as fotos de Jerry Siegel(1914-1996) e Joe Shuster(1914-1992), a dupla criadora do Superman a quem Alexandro Alves presta uma singela homenagem.

sábado, 10 de setembro de 2016

RESENHA DA HQ QUANDO OS ANJOS QUEIMARAM


“Quando os anjos queimaram” trata-se de um excelente quadrinho potiguar. Apresentando uma trama fascinante, onde nos mostra como seria o cenário da capital Natal então base do exercito americano durante a Segunda Guerra Mundial se fosse bombardeada  pelos nazistas pela ótica de Sebastião, que simbolizava a típica figura de um cidadão natalense comum testemunhando um provável acontecimento daquele nível, vendo tudo virando um apocalipse, quando na verdade não passava de um delírio. Super indicado a leitura desta edição cujo roteiro é de Marcos Guerra  e as ilustrações de Marcos Garcia e Carlos Alberto, o mesmo trio que criou “Lampião na Terra dos Santos Valentes”. Os traços da HQ ilustrados  em preto e branco do Marcos Garcia e do Carlos Alberto nos cria uma boa sensação dramática e reproduz bem o tom datado da Natal da década de 1940, bem reproduzido  nos detalhes arquitetônicos principalmente. Fora o ótimo enredo envolvente do Marcos Guerra, que constrói por meio da figura de Sebastião, um herói mais dentro da realidade possível se tivesse mesmo acontecido de Natal ser bombardeada pelas tropas nazistas, ele conseguiu bem construir o escopo da trama utilizando-se ao máximo do recurso narrativo das licenças poéticas. Está à venda na K-Ótica. Recomendo esta leitura, uma verdadeira viagem imaginativa.