Esta semana faleceu aos 91 anos, Hugh Hefner. O magnata
criador da mais influente revista masculina do mundo, a Playboy. Pode até
parecer estranho eu estar escrevendo um texto dedicado a ele, o homem que foi o
cérebro de uma revista com mulher pelada na capa, ainda mais neste espaço normalmente
dedicado ao publico nerd que aprecia os filmes de super-heróis.
Pode até parecer estranho e não ter nada a ver este tributo que estou fazendo
a este senhor. Acontece que a revista que ele criou não se tratava só de uma
simples revista de mulher pelada, para
te deixar excitado vendo uma desejada gostosa
e bater punheta. Tratava-se muito mais do que isso, Hefner também criou uma
revista que ajudou a influenciar, popularizar, a diversificar ou mesmo a massificar
a cultura e a arte das mais diferentes
manifestações.
Uma dessas a mais óbvia a se destacar foi na fotografia, quantos
dos exuberantes corpos femininos mais cobiçados do mundo representados tanto
por atrizes, modelos, atletas e até mesmo das subcelebridades foram clicadas
pelos olhares, das lentes brilhantes dos
mais talentosos fotógrafos mundiais. Muito mais do que uma simples revista de
mulher pelada, a Playboy que Hefner criou também serviu como instrumento de
orientação masculina tanto na sexualidade, quanto no modo de se vestir, no modo
de agir na vida social, dicas de vinhos para bons apreciadores, dicas saudáveis,
dicas de boas leituras, entre elas de livros e hqs que estavam para serem lançadas.
Dicas de
músicas mostrando quais são os mais novos álbuns dos artistas a serem lançadas
no mercado, quais as novas tendências e mostrava também a agenda de shows do
cantor. Dicas de filmes e séries que estão para serem lançadas nos Home Vídeos,
um deleite para quem é colecionador desses artigos. Muito mais do que uma simples revista de
mulher pelada, a Playboy também apresentava um riquíssimo conteúdo trazendo
textos com as mais diferentes matérias com os mais variados temas escritos pelos
mais diferentes jornalistas.
Com colunas, artigos de opinião e até mesmo acesso
a leituras dos capítulos de livros que estavam para serem lançados, para termos
um gostinho a mais. Com direito a muito texto de humor e charges de grandes
desenhistas como Alpino, Mauro A. entre outros. Também nos deixou muito antenados
as novas tendências tecnológicas, entre outras curiosas características dessa
revista. Inclusive até mesmo na cultura nerd/geek do mundo super-heróis ele
tornou-se referencia inspirando a aparição de um personagem no desenho da Liga
da Justiça e no primeiro filme do Homem de Ferro de 2008 foi vivido numa ponta
pelo Stan Lee, o criador da Marvel. Ela
também revolucionou nas causas sociais, especialmente contra o racismo, foi a
divulgadora do movimento literário beat, ajudou também a divulgar tudo que
fosse relacionado aos filmes de James
Bond, promoveu grandes entrevistas com as mais importantes personalidades sem
fazer distinção de classe social,
sexismo, de ideologias políticas, deu voz para artistas, jornalistas,
esportistas, políticos, modelos e até
mesmo as mais controversas celebridades o espaço de terem suas vozes ali
abrindo toda a suas intimas e os seus mais singelos segredos, como compartilhar
os momentos onde perderam as suas virgindades. No geral tudo isto serviu muito
bem para a revista ser o que é hoje. Apesar de ter passado por muitas faces
adversas e turbulentas ao longo dos seus 65 anos de vida. E muito disso deve-se
ao seu criador, ele mais do que criou uma simples revista de mulher pelada,
também criou uma forma de pensar, uma forma de apreciar arte alternativa, uma
forma revolucionaria de leitura entre
tantas outras definições que se pode dar para a Playboy. Um homem cujo estilo
de vida, podia não ser o melhor exemplo para alguns puritanos conservadores,
adorava se envolver com todo tipo de mulher ao qual viviam sempre em sua mansão
de luxo como um harém, as famosas coelhinhas que não eram a toa que tinham esta
denominação já que o símbolo da revista é o coelho, casou e descasou com as
mais diversas que já passaram em sua vida e destes relacionamentos constituiu
uma família formada por quatro filhos, ele podia não o estilo de vida perfeito,
gostava de apreciar o que pregava na própria revista, mas pelo menos deixou um
legado importante com esta revista. Inclusive foi por causa da sua revista que ele
já enfrentou sérios problemas com esta camada da sociedade americana
principalmente quando a revista surgiu em 1953 numa época onde a sexualidade
era visto como um tabu. Simplesmente se não fosse pela ousadia de Hugh Hefner a
Playboy não existiria como a conhecemos. Obrigado, Hugh Hefner. (1926-2017).