quarta-feira, 12 de agosto de 2020

20 ANOS DO PRIMEIRO X MEN O FILME (2000)

 


Olá Grandes Super-Heróis, neste vídeo especial será dedicado aos 20 anos de X-Men-O Filme(EUA, 2000). O Primeiro filme da franquia mutante lançado pela FOX. Será que olhando hoje duas décadas depois, essa obra envelheceu bem?

terça-feira, 4 de agosto de 2020

O TRISTE FIM DE CHAVES NO BRASIL

Recentemente o mundo inteiro que costumava se divertir com as trapalhadas de Chaves na TV, ficou revoltado e entristecido quando a veiculação dele pela televisão foi suspensa devido a uma complexa batalha jurídica que envolve a questão dos direitos autorais entre duas empresas do México que são cada uma detentora de um copyright diferente da série.




De um lado existe o Grupo Chespirito que é detentora dos direitos dos textos, e do outro a emissora Televisa, responsável pela produção da série  que é detentora dos direitos de imagem. Por causa desse impasse, isso acabou afetando a exibição da série a nível mundial, inclusive aqui no Brasil que era exibido há mais trinta anos pelo SBT, emissora de propriedade do apresentador Silvio Santos teve de tirar em virtude disso. Isso não só afetou ao SBT, mas também no canal pago do Multishow das Organizações Globo e no serviço de streaming da Amazon Prime.

Pessoalmente, já faz tempo que não tenho assistido a Chaves no SBT como antigamente eu fazia quando criança quando não me desgrudava da TV. Mas ainda valorizo muito.

É um programa que aqui no Brasil  se confunde muito com a história do próprio SBT, que desde que ele surgiu no começo dos anos 1980, depois que Silvio Santos adquiriu a concessão do governo que foi  da extinta TV Tupi, a pioneira que teve o seu fatídico fim em Julho de 1980. Em Agosto de 1981, Silvio inaugurou sua emissora inicialmente batizada de TVS, logicamente uma referência ao próprio dono. Que depois modificou para SBT, sigla de Sistema Brasileiro de Televisão. Silvio sempre quis explorar desde o inicio na grade de programação, o apelo bem popularesco voltados  as classes C,  D, E, F dentre outras mais baixas que se utilizam de alguma letra do nosso alfabeto.

Foi por ter essa pegada que Silvio no inicio investia pouco na produção de teledramaturgia, incialmente preenchia comprando alguns produtos exportados para serem exibidos na grade de sua emissora. Foi nessa época que ele começou a comprar os primeiros lotes produções exportadas do México, trazendo as novelas mexicanas. E nesse lote junto veio Chaves. Que estreou no Brasil em 1984.

Segundo Arlindo Silva, jornalista que faleceu em 2011, que foi  assessor de imprensa de  Silvio Santos, acompanhando o surgimento do SBT e é autor da sua biografia A Fantástica História de Silvio Santos publicada no ano 2000 pela EB Editora. Revelou em um capítulo sobre quando ele  acompanhou os bastidores da compra de Chaves na época e de como Silvio Santos estava receoso de que aquela produção não valeria muito o investimento. Inclusive ele até comenta no livro que a sua primeira impressão sobre não levar muita fé no sucesso do programa por acha-lo muito pobre, com uma cenografia muito tosca e com um aspecto sujo.  Como ele mesmo  bem descreve  neste trecho do livro:

“Quando tudo ficou pronto, Silvio me perguntou o que eu estava achando do seriado. Respondi que se tratava de um produto barato, sem qualidades em termos de televisão atual, que pecava pela iluminação, pecava nas cores, sempre muito fortes; enfim, percebia-se que o cenário simples da vila era de papelão. Mas comentei que preferia ver minha filha de quatro anos assistindo a esse humor puro, de circo, como o que eu assistia no Piolim, ao humor que víamos nos Trapalhões, impregnado de erotismo desnecessário. Contei a Silvio que enviara cópias  de alguns capítulos aos diretores de programas do SBT para opinarem, e todos tinham considerado o seriado uma droga, uma porcaria. Foi ai que Silvio determinou que se preparasse cinco capítulo para colocar no ar como experiência. Isso aconteceu em 1984.

Na verdade, ninguém acreditava que Chaves pudesse emplacar. Todos achavam aquilo um seriado brega, mal feito, uma coisa sem graça. A realidade, porém, é que ao longo de 16 anos, Chaves continua um sucesso de audiência, em qualquer horário em que seja exibido. Além disso, o seriado foi motivo de teses sobre a televisão para a infância em universidades”.

Parece que o tempo provou que o receio dele estava errado, o seriado permaneceu longos anos no ar por muito tempo e atraiu uma legião de fãs das mais diferentes idades, com muito fãs clubes espalhados por todo o Brasil e também no mundo todo.

Talvez uma das razões que faz  com o humor de Chaves  continuar  engraçado como antes e nunca envelheça está  no fato de que a sua trama bastante simplória ambientado num lugar muito pobre, sujo como é a vila, numa cenografia de papelão  tosca de péssima qualidade e em conjunto dos figurinos bregas dos personagens. Está justamente na maneira como os personagens, em especial os moradores da vila  representam de forma lúdica e critica a realidade de uma comunidade   que é universal e  pode existir tipos como eles em qualquer lugar, onde ali cada um transmite os seus valores usando de uma estética cômica inspirada na teatralização física, com diálogos cheios de frases de efeitos, e com muitos toques e elementos de humor inspirado nas comédias shakespearianas e no cinema chapliniano.

O programa surgiu primeiramente como esquete dos programas do Chespirito, como é popularmente conhecido no México, o criador e interprete do Chaves  Roberto Gómez Bolaños (1929-2014), que no idioma hispânico local significa Pequeno Shakespeare, devido a sua baixa estatura e sempre comparavam a sua genialidade a do grande literário William Shakespeare(1564-1616).

Batizou de El Chavo Del Ocho  que significa numa tradução literal O Garoto/Moleque  do Oito, uma referência ao canal original exibido no México. Quando foi comprado pela Televisa que passou a exibir em 1971, eles para justificar tiveram de colocar na história que Chaves vivia na casa de número 8 de uma senhora que nunca deu as caras na série.

No Brasil, a versão do primeiro lote dublada pela extinta empresa de dublagem MAGA, então de propriedade do primeiro  dublador do Chaves, o já falecido  Marcelo Gastaldi(1944-1995) o nome original foi modificado de  Chavo para Chaves, já que como no original soava como uma gíria hispânica usada no México para se referir a moleque, garoto, isto porque ninguém na vila sabia o seu nome verdadeiro, já que ele nunca mencionava. Então o nome foi modificado para ficar mais fácil as crianças de pronunciarem. Do mesmo jeito que Don Ramon interpretado por Ramon Valdez(1923-1988) foi modificado para Seu Madruga e sua filha Chilidrina vivida por Maria Antonieta De Las Nieves foi modificado para Chiquinha. O resto foi mantido.

O enredo do  programa conta a história  de uma vila pobre que é habitada por moradores um tanto quanto excêntricos. Como o pobre menino órfão Chaves(Roberto Gómez Bolaños) que vive esfomeado com desejo de comer  um sanduiche de presunto. O Seu Madruga(Ramon Valdez), um viúvo desempregado que vive fazendo bicos e cuida de única sua filha peralta Chiquinha(Maria Antonieta de La Nieves) e a dondoca da Dona Florinda(Florinda Meza), uma senhora também viúva que cuida e mima demais seu filho único Quico(Carlos Villagrán). Lá também moram a Dona Clotide(Angelines Fernadez) chamada de Bruxa do 71, numa clara referência a data de estreia da série que foi em 1971 e recebem as visitas constantes do Senhor Barriga(Edgar Vivar), o dono da vila, que vive constantemente aparecendo por lá para  cobrar  o aluguel, que perde a paciência com Seu Madruga que de todos os inquilinos da vila é o que mais atrasa devendo 14 meses e quando com este é com o Chaves que vive lhe dando pancadas quando ele aparece e o Professor Girafales(Ruben Aguirre) um homem sedutor canastrão,  que vive cantando a Dona Florinda tomando sempre umas xícaras de café em sua casa.  Outro aspecto que também pode ajudar a explicar a razão do porquê de Chaves ser um fenômeno que nunca envelhece e continuar  é na forma atemporal como alguns personagens da vila são representados como as crianças principalmente do contexto mais real de viverem uma infância alegre num lugar muito sofrido. O Chaves é o que mais simboliza como uma crítica social dos muitos garotos órfãos que vivem uma infância abandonada sem muita  perspectiva de futuro. É o que muita gente, principalmente as crianças mais se identificam com ele porque ele sempre mantem  um pouco da essência ingênua e procura esquecer a sua realidade sofrível, ele não mora no barril, ele apenas usa como refúgio.  Já o Quico  e a Chiquinha  refletem  bem em comum  a realidade de pertencerem a lares familiares muito desajustados e adquirindo comportamentos desregrados onde Quico,  órfão de pai, sendo criado só por sua mãe Florinda, uma dondoca sempre mau humorada  que vive mimando e superprotegendo-o o que faz ele viver sempre agindo como um garoto e até invejoso. E a Chiquinha, a espertinha e cheia de malicia  reflete bem o fato de ser órfã de mãe e sendo criado pelo pai Seu Madruga, um sujeito que vive fazendo bicos e se enrolado no aluguel.   A representatividade deles como órfão segue bem a fórmula campbeliana da jornada do herói. Tá ainda que Chaves não uma trama de super-herói. Mas mesmo assim muitas crianças se divertem  com e ele e se identificam com o  seu   drama. Que é a que mais reflete um caráter intimista que o seu criador imprimiu na obra, já que o  próprio passou por um  drama  pessoal difícil de ter crescido com um pai ausente e sua mãe havia morrido antes do personagem surgir e estourar e virar um fenômeno ela não testemunhou o sucesso dessas duas obras.    Apesar de parecer estranho ver num programa desses crianças sendo representando por adultos. Gerando a brincadeira de em qualquer obra que se veja adultos com idades incompatíveis para representar crianças ou adolescentes como Efeito Chaves, ainda assim a representação deles foi incrível unindo bem direção e texto.  Chaves  era representado pelo próprio  Bolaños que estava com 41 anos quando começou a representar o Chaves a partir de 1970 numa esquete do seu programa de humor antes dele ganhar um programa posteriormente. Além do Chaves ser representado por um adulto, também tinha o Kiko que foi representado pelo Carlos Villagrán que estava na época com 26 anos quando começou a representar o personagem no programa. Já a Chiquinha foi representada por Maria Antonieta de Las Nieves, que apesar da baixa estatura e por ser a caçulinha da trupe estava com 20 anos quando começou a representar a personagem no programa.  Não só isso acontecia com a crianças principais da vila. Mas também em relação as crianças que apareciam esporadicamente como Godinez que costumava aparecer nas aulas do Professor Girafales foi interpretado por Horácio Gómez Bolaños(1930-1999), irmão do Chespirito que estava 40 anos quando representou este papel. O NhoNho o filho do Senhor Barriga, o cobrador do aluguel da vila foi representado por Edgar Vivar, o mesmo que também fazia o Senhor Barriga e ela já estava com 20 anos quando representou o papel. E o mais bizarro era  Popis, prima do  Quico  foi representada pela Florinda Meza, a mesma  que fazia a Dona Florinda que estava 21 anos quando começou a representar o papel. Mais bizarro que isso tudo era o fato de que ela tinha uma diferença pequena de idade com relação a Villagrán que fazia o Quico, filho  da Dona Florinda  sendo que ela era cinco anos mais nova do que ele. E era vinte anos mais nova do que Bolaños que representava o Chaves com quem viveu uma longa história de amor que durou 36 anos numa união estável, que foi somente em 2004 que eles resolveram oficializar a união com ela para que ela pudesse ter os mesmo direitos a sua herança com seus seis filhos fruto de sua união anterior. Mas  ela não teve  filhos com ele. A sua união com Chespirito  durou até ele falecer 10 anos depois no dia 28 de Novembro de 2014. Analisando dessa forma dá para se colocar que essa falsa representação das crianças por adultos tornava a estética do programa  ainda mais kitsch se a gente juntar a qualidade  cenográfica  tosca de papelão  e suja da vila e os figurinos cafonas dos personagens.

Apesar da péssima qualidade de produção, o que tem feito a obra ganhar a dimensão que perdura por gerações e envelhecer bem  está justamente na fórmula da  sua estética tradicional de humor circense, galhofa, com elementos teatrais de comédia pastelão. Cheio de muito apelo de humor físico com frases de efeitos e piadas de bordão. O que provoca uma risada fácil no espectador e ele continua com o efeito engraçado de antes.

Se a gente for comparar a outros programas de humor, como do Casseta & Planeta, que eu cresci apesar de não ser apropriado para crianças, mas enfim,  a estética cômica dessa trupe  seguia o tom paródico inspirado nos fatos cotidianos que ocorriam pelo Brasil e no Mundo com pegada no jornalismo e por seguir esse formato paródico com toques  jornalísticos, é um humor que se a gente for ver hoje envelheceram super mal por ficarem datados. Do mesmo modo como ocorre no humor das charges impressas nas tiras dos jornais.  O mesmo não pode ser dito com relação a Chaves que não fica datado nunca.

Por isso, só o que nos resta é torcer para que tudo se resolva logo.