segunda-feira, 25 de julho de 2016

RESENHA DA HQ LAMPIÃO NA TERRA DOS SANTOS VALENTES



Pela primeira vez vou fazer aqui uma resenha critica de uma edição muito especial. Trata-se da HQ “Lampião na Terra dos Santos Valentes”. Ela é especial, porque se trata de uma trama que reconstitui um fato histórico e verídico importante que foi a invasão do Lampião e seu bando em um município importante do meu estado, o Rio Grande do Norte, que é Mossoró/RN. De autoria de três quadrinistas potiguares, Marcos Guerra, o dono da K-Ótica Loja, uma importante comic shop aqui de Natal/RN de quem sou seu cliente. Também conta com os nomes de Marcos Garcia e Carlos Alberto, dos quais esta edição tem o autografo deles quando fui prestigiar o lançamento ocorrido no final de Junho. 





















Antes de começar a descrever minha impressão critica do conteúdo da obra, transmito aqui primeiramente algumas informações técnicas importantes, colhidas através do Marcos Garcia, um dos autores da obra.  Contendo 88 páginas, com roteiro de Marcos Guerra e ilustrações de Marcos Garcia e Carlos Alberto, em formato 21 x 28 cm, de papel couché, modelo de capa brochura em papel tríplex, com acabamento do traço de linha clara, na qual eles optaram por estarem próximo a arte de Watson Portela, segundo o que Marcos Garcia me comentou ao colher estas informações dizia respeito ao seguinte: “Já que a pretensão é mostrar um trabalho mais artístico e atual, mesmo retratando uma HQ de cangaço.” E para finalizar as informações técnicas explico também que ela tem a sua lombada quadrada.

 










Minha edição autografada pelo Marcos Guerra, Marcos Garcia e Carlos Alberto. 



Bom agora que eu finalmente passei estas informações técnicas da edição, posso então descrever minha análise critica a respeito do conteúdo apresentado nesta edição.









Nas primeiras folheadas, temos três textos introdutórios de apresentação de pessoas muito importantes, representantes da nata cultural e intelectual da capital potiguar, como do Secretário Municipal de Cultura de Natal e Presidente da Funcarte  Dácio Galvão.  Em seguida, vem o texto de Iaperi Araújo, representante da Academia Norte-Riograndense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico e também Presidente do Conselho Estadual de Cultura e Diretor da Fundação José Augusto. E por fim tem o texto do escritor, poeta e jornalista Caio César Muniz.  Onde inclusive ele até faz umas indicações de livros de autores da terra que contam sobre este episódio da invasão do bando de Lampião a Mossoró  como “Lampião em Mossoró” do memorialista Raimundo Nonato(1907-1993), “ Nas Garras de Lampião”, obra organizada pelo pesquisador Raimundo Soares de Brito(1920-2012) com base  no diário do Coronel Antônio Gurgel(19?-1950), sequestrado por Lampião, e “A Marcha de Lampião” de autoria de Raul Fernandes, filho do  Rodolfo Fernandes(1872-1927),  então prefeito de Mossoró na época que houve a invasão de Lampião e seu bando. 
 










Reprodução panorâmica da cidade de Mossoró em 1927.  Ano da invasão do bando de Lampião que foram expulsos da cidade.







Também finaliza indicando outra leitura em quadrinho sobre este episódio como “O Ataque de Lampião a Mossoró” de Emanuel Amaral e Aucides Sales.  Após esta apresentação com os três textos introdutórios, é que começamos a leitura da obra cujas primeiras folheadas começam só com a ilustração do bando de Lampião cavalgando sem nenhum dialogo, o que é bom, porque esta cena provoca a sensação de você estar ouvindo mentalmente os passos dos cavalos como nas sonoplastias do cinema de faroeste ou mesmo nos épicos de fantasia hollywoodianos. É neste começo que há um mini texto de esclarecimento dos autores escrito da seguinte forma. “Por respeito ás expressões populares e ao rico cenário linguístico que a região Nordeste apresenta, o presente trabalho faz uso do “dialeto cabloco”, foneticamente fiel as fontes originais. A escolaridade e a formação dos personagens causarão variações em seu falar, assim como sua relação com a fauna e a flora de nossa parte, acreditamos que a língua portuguesa é uma herança inestimável e sua manutenção implica encararmos com sensibilidade as suas transformações”. 

 










A Caatinga aqui bem reproduzida. 









Após isso, vemos na página seguinte, a cena de um cangaceiro ajoelhado na Igreja, provavelmente caindo após receber um tiro de um policial de um jagunço que estão em direção a ele ou talvez tenha se rendido. É então que a medida que fomos vendo a história se desenvolvendo página por página  com mais fluidez. Apresentando algumas camadas de personagens presentes na obra que reconstituem o estilo bem provinciano de Mossoró no final da década de 1920, mais precisamente nos idos de 1927, nos dias, nas horas que antecedem ao acontecimento mostrando bem como era a vida rotineira da população mossoroense daquela época da invasão, até o momento em que eles conseguiram expulsar Lampião e seu bando da cidade. 






















A maneira como a narrativa do enredo criado pelo Marcos Guerra nos transmitiu este fato meio esquecido da história oficial a nível nacional é sensacional, muito show, mesmo com base nas profundas pesquisas que fez para transpor uma realidade mais condizente sobre este fato, ainda mais envolvendo uma figura como Lampião que de tão lendário, mitificado e santificado que se tornou no imaginário cultural nordestino a sua participação como líder do movimento, ainda mais pelas prosas poéticas na literatura de cordel, exaltando suas façanhas e principalmente a sua história de amor pela Maria Bonita e pela maneira como a vida dele chegou ao fim o tornando um mártir, que fica até difícil principalmente para os historiadores, tentar distinguir a face dele como o mito  exaltado  do  herói do povo nordestino oprimido pelos coronéis, e em contraponto também há a sua face realista como   o bandido ameaçador, sanguinário, estuprador, torturador, cruel  entre outras definições negativas. Por estes fatores que ainda assim pude perceber que ele teve a preocupação de utilizar do recurso narrativo das licenças poéticas, para proporcionar a obra um tom bem característico de escapismo bucólico. Onde ele teve o cuidado de apresentar uma visão de Lampião mais próxima da realidade pelo que pude interpretar, sem parecer ser muito tendencioso, aqui ele é representado de uma forma mais humana, no sentido de mostrar ele agindo com raiva  em situações em que ocorrem falhas do seu bando, se irritando como cada um de nós que estivesse no lugar dele, assim como também ele não representa a figura do Rodolfo Fernandes, prefeito da cidade na época da invasão como um mítico herói do povo mossoroense, aqui ele é representando como qualquer  ser humano agindo com temor e receio como boa parte da população, da mesma  forma como cada um de  nós sentiríamos no lugar dele. Com um ótimo texto recheados de  diálogos reproduzindo bem as expressões locais dos mossoroenses que eram comuns da época, onde inclusive há uma página complementar que explica o significado de cada uma dessas palavras.   E os desenhos de Marcos Garcia e Carlos Alberto também é um show a parte, muito foda, de outro mundo. O traço de linha clara, sem cores, e com um aspecto bem artesanal criou uma boa identidade visual a obra deixando-a com um tom seco que combina com a paisagem de aridez do cenário rural da obra, fazendo bem parecer uma típica ilustração de cordel. Assim como a ótima representação panorâmica de Mossoró, em cada detalhe reproduzindo bem a época datada em que ocorreu aquele inusitado e indigesto evento, tanto na arquitetura das casas, como nos costumes do povo, nos meio de transportes, nos meios de comunicação e também no modo de vestir que a população costumava trajar na época, assim como as ilustres figuras da época, está bem aqui reproduzida nos desenhos de Marcos Garcia e Carlos Alberto.

 
















Como já havia descrito acima, sobre a real figura que Lampião representou para o movimento do cangaço, isto é um assunto muito controverso que gera muitos conflitos dentro do mundo acadêmico, digo isso porque como me graduei no curso de História na UNP. E lembro que durante uma aula da disciplina de História do Brasil do Professor Durval Alves, ele nos  descreveu sobre a  dificuldade que  um historiador tem para estudar o que foi o movimento do cangaço aqui no Nordeste. 





















Ainda mais quando a gente se depara com a grande exaltação que fazem sobre Lampião como líder do movimento e principalmente pela influencia seu endeusamento nos versos poéticos das literaturas de cordel, como Rei do Cangaço, onde fica-se com a impressão de que este movimento surgiu com ele e morreu com ele.
Na verdade, o movimento do cangaço já existia bem antes de Lampião nascer, os primeiros registros da prática do cangaço são do século 18, surgiram como bandos armados contra a opressão da miséria em consequência da seca, e da violência do autoritarismo dos coronéis, eles passaram a se denominarem de cangaceiros em referencias a canga, “peça de madeira colocada sobre o pescoço dos bois de carga. Assim como o gado, os bandoleiros carregavam os pertences nos ombros.” 


 















Um dos precursores deste movimento nesta ocasião foi José Gomes, o malvado Cabeleira, cruel e sanguinário apavorou todas as terras pernambucanas por volta de 1775. Depois deste veio o potiguar Jesuíno Alves de Melo Calado, mais conhecido pelo codinome de Jesuíno Brilhante(1844-1879), este pode-se assim dizer foi o responsável por originar a famosa lenda do cangaço ser um movimento de banditismo social, já que ele distribuía aos pobres os alimentos saqueados dos comboios do governo. Depois deste teve o pernambucano Antônio Silvino(1875-1944), mais conhecido pelo codinome de Rifle de Ouro, o primeiro a ser denominado de Rei do Cangaço, antes de Lampião. Este teve como uma de suas façanhas, arrancar os trilhos, perseguir engenheiros e sequestrar funcionários da Great Western. Empresa inglesa responsável pela construção da ferrovia no interior da Paraíba. Já o Lampião mesmo, melhor dizendo Virgulino Ferreira da Silva seu nome real de batismo só entraria neste movimento a partir de 1920. Sobre como era o modo de vida deste antes de entrar no cangaço, e virar o idolatrado Lampião sabe-se pouco. Das escassas informações que tem tudo é cheio de muitas controvérsias, a começar pelo fato da sua certidão de nascimento. Nascido em Vila Bela, atual Serra Talhada, interior de Pernambuco. Virgulino era o terceiro dos nove filhos de José Ferreira e Maria Lopes. O registro da data de batismo é bem controverso, já que na literatura de cordel é citado que ele nasceu no dia 07 de Julho de 1898, como o registro só foi dado em papel no dia 12 de Fevereiro de 1900, dai origina-se a grande confusão, porque isto fez muitos historiadores acreditarem ser sua data de nascimento, o que faz muitos acadêmicos terem dificuldades para saber  aproximadamente  que idade ele estava quando começou sua carreira no cangaço ou mesmo quando passou a assumir a liderança e surgir assim sua lenda como Rei do Cangaço.
Além da confusão de sua certidão de nascimento, também sabe-se pouco a respeito de sua família. Desse pouco que se sabe da família de Virgulino, é que segundo nas palavras que o próprio sempre afirmou que foi consequentemente a tragédia familiar  ocorrida depois que o pai dele José Ferreira, um condutor de animais e pequeno fazendeiro foi morto em 1920, a mando de José Lucena, após uma série de longos anos conflituosos da Família Ferreira com o vizinho José Saturnino. Este abalo familiar foi o que mudaria a vida de Virgulino para sempre. Pois foi a partir dai que movido pelo sentimento de ódio, de vingança, inclusive no sertão daquele tempo era comum numa situação dessas eles lavarem as honras fazendo justiça com as próprias mãos, mandando bala. Nos versos do poeta cearense Jáder de Carvalho(1901-1985), em seu poema “Terra Bárbara” descreve bem o que isso significava:
“Na minha terra,/o cangaceiro é leal e valente:/ jura que vai matar e mata”.












Foi nesta mesma época que Virgulino decide entrar para o cangaço, pertencendo ao grupo então comandado por Sebastião Pereira e Silva, o Sinhô Pereira(1896-1979). Ao entrar no bando de Pereira, Virgulino foi batizado com o famoso codinome de Lampião. As versões do porque dele ser batizado com esta alcunha também são bem controversos, há os que digam que o fato dele manejar o rifle com tanta rapidez e destreza que os tiros sucessivos iluminavam a noite. Já em outra versão atribui-se a Sinhô Pereira, que o batizou com este nome ao observar Virgulino usando o clarão de um disparo para encontrar um cigarro que um colega havia deixado cair no chão.  Pouco tempo depois, em 1922 ele assumi o comando no lugar de Sinhô Pereira que decidiu abandonar o cangaço. Foi a partir dai que nasceria sua romanceada e cultuada lenda como o Rei do Cangaço. A sua primeira façanha no posto de novo líder do cangaço foi assaltar a casa da Baronesa Joana Vieira de Siqueira Torres, em Alagoas. Foi neste posto que deu inicio ao seu reinado,   passando  a aterrorizar o sertão nordestino inteiro, invadindo cidades, saqueando fazendas de ricos coronéis e encarando uma série de  confrontos  a bala com a policia. E foi num desses confrontos que ele acabou ficando cego do olho direito e passou a usar óculos para disfarçar o problema. Foi já tendo se tornado um célebre líder do bando que ele chegou a visitar o Padre Cícero(1844-1934) quando estava no Ceará em 1926. Até chegar ao importante evento de invadir Mossoró como retratado aqui na HQ “Lampião na Terra dos Santos Valentes”.  O seu reinado no cangaço perdurou até o final da década de 1930. Foi já como célebre Rei do Cangaço, que ele conheceria sua cara-metade Maria Gomes de Oliveira, a popular Maria Bonita.  Nascida no povoado de Malhada de Caiçara localizado no município de Paulo Afonso/BA, no dia 08 de Março de 1911.  Inclusive nesta HQ em questão ela não aparece, nem tem o nome mencionado, porque na ocasião em que Lampião invadiu a cidade e o povo o botou para fora, ele ainda não a conhecia. Só a conheceria posteriormente, o primeiro encontro que teve com ela foi em 1929, quando Lampião e seu bando estavam instalados na fazenda do pai dela que era seu coiteiro*.
Foi lá então que os dois tiveram uma paixão a primeira vista, a ponto de no ano seguinte ela resolver entrar para o seu bando, deixando para trás sua zona de conforto que tinha e um casamento fracassado com um sapateiro. Maria Bonita tornou-se a primeira mulher a compor o bando. Um relacionamento que perdurou até os dois morrerem numa emboscada policial ocorrida em Angicos/SE, no dia 28 de Julho de 1938. Ambos tiveram a cabeça degolada. O relacionamento dos dois chega a ser comparado a Bonnie e Clyde, do sertão nordestino. O que não é para menos, pois na mesma época que houve a entrada de Maria Bonita no Cangaço e os dois formaram a inseparável dupla de comando, também coincidiu de surgir  nos EUA,    o  temido casal criminoso  Bonnie Parker e Clyde Barrow  que formavam a temida dupla de assaltantes e comandavam uma quadrilha, responsável por  aterrorizava as regiões centrais  americanas com uma onda de constantes assaltos, até eles serem mortos  numa emboscada montada pela policia numa estrada deserta da Louisiana no dia 23 de Maio de 1934.
A influencia de Maria Bonita, também fortaleceu ainda  mais a grande idolatração dele como o herói do oprimido povo nordestino, o que gera um monte de opiniões controversas entre historiadores sobre a importância que Lampião simbolizou e representou neste cenário brasileiro das primeiras décadas do século 20. O celebre historiador britânico Eric Hobsbawn(1917-2012) já o comparou a figura de Robin Hood, o famoso arqueiro da Inglaterra Medieval que era um bandido que roubava todo o dinheiro dos reis corruptos para dar aos pobres. Se bem que Robin Hood é só uma lenda surgida dentro contexto das lendas arturianas. A ponto deste figura-lo como um bandido social como bem o fez  em seu livro “Bandidos”, publicado em 1969**.
Posso encerrar descrevendo que independente de qualquer interpretação dada sobre Lampião e seu reinado no cangaço. De uma coisa pode se ter certeza, é nunca negar, de que o motivo dele ter virado o grande ícone desse movimento tem muito haver de que ele adorava autopromover sua imagem, fazia um grande marketing pessoal, a ponto de se deixar fotografar e filmar ele com seu bando. Ainda mais que foi ele o influenciador da dança do xaxado, compôs a música “Mulher Rendeira”. Entre outros fatores que o tornaram tão referencia na cultura popular, a ponto de criar uma visão muito romantizada dele.
Também não se pode negar sua outra faceta, que era homem cruel, onde no todo pode se assim dizer, é preciso estudar o que Lampião representou para o Nordeste no contexto em que ele iniciou suas atividades no cangaço.
Abaixo reproduzo as declarações de  acadêmicos que estudam a importância social  do cangaço descreveram  sobre Lampião  na matéria de capa da revista “Aventuras na História” da Editora Abril, com reportagem de Lira Neto publicada na edição 60, em Julho de 2008.
“Lampião não era um demônio, nem um herói. Era um cangaceiro. Muitas das crueldades imputadas a eles foram praticadas por indivíduos de outros bandos. Entrevistei vários ex-cangaceiros e nenhum me confirmou histórias a respeito de estupros e castrações executadas pessoalmente por Lampião”.
Amaury Corrêa de Araújo, autor de sete livros sobre o cangaço.
“Acho que está justamente ai, nessa multiplicidade de olhares e versões, a grande força do personagem que ele foi. É isso que ajuda inclusive a entender sua dimensão como mito”.
Élise Grunspan-Jasmin, historiadora francesa, autora do livro “Lampião:  Senhor do Sertão”.
“Lampião não era um revolucionário. Sua vontade não era agir sobre o mundo para lhe impor mais justiça, mas usar o mundo em seu proveito”.
Também de Élise Grunspan-Jasmin.
Agora confiram um poema sobre Lampião  extraído do blog Pensamentos e Reflexões, da autoria de Luiz Felipe, publicado em 2013.


“Começo a história de um cabra valentão
Muitos o temiam
Mas com ele não tinha “boquinha” não
Virgulino, cabra valente, era mesmo o rei do sertão.

Rico metido a sabidão
Padre metido a enrrolão
Coronel explorando o povão
Era bala na certa pelo seu bando, num só vão.

Desbravava o nordeste para as pestes exterminar
O povo tinha medo
Do que ele iria falar
Mas, devoto de Padre Ciço
Muitos terços ele rezava por lá.

Foi ao Ceará, para a mulher mais macho arrumar
Maria Bonita, cheirosa e atrevida
Lampião achou seu certo par.

E hoje muito lembrado
Pela valentia e pelo reinado
Lampião o rei do cangaço
É eternamente imortalizado.

Para finalizar deixo meu recado
No século XX não houve outro cabra macho
A não ser Lampião, o rei do cangaço!”

Para encerrar, posso então descrever em um balanço geral que a HQ “Lampião na Terra dos Santos Valentes”, merece sim ser lida e apreciada, principalmente para os que moram aqui em Natal/RN darem uma passadinha na K-Ótica Loja, onde lá é um bom local para vocês comprarem, ainda sendo de propriedade do Marcos Guerra que é um dos autores. Eu  indico e recomendo a leitura. 

"Mais que uma versão de um fato histórico, "Lampião na Terra dos Santos Valentes", adiciona espinhos sangrentos e flores fúnebres ao célebre evento do ataque ao municipio de Mossoró. Uma aventura, um faroeste, uma obra de arte visceral". 

Léa Barbados, Professora e Escritora em texto da contracapa.








Fontes:
FERNANDES,Raul. A Marcha de Lampião, Coleção Mossoroense, Fundação José Augusto, Sexta Edição. Série “C”, Volume 1488. Mossoró, 2005.
LAMPIÃO-A MORTE DO HERÓI, Matéria de capa da Revista Aventuras na História, Edição 60, Julho de 2008. Editora Abril, São Paulo/SP.
*Indivíduo que dá asilo, favorece ou protege os malfeitores. 
**Corrigindo uma informação equivocada desse texto, quando eu mencionei a data da publicação de Bandidos de Eric Hobsbawm que é o ano de 1975, foi  baseado na informação da matéria de capa da Revista Aventuras na História publicada em Junho de 2008, não sabia que aquela informação estava errada. Só muito recentemente após adquirir e fazer a leitura do livro de Hobsbawm, em uma publicação da editora Paz & Terra, São Paulo/Rio de Janeiro, 2015. É que eu descobri lendo pelo texto das orelhas e pelo prefácio nas primeiras páginas escrita pelo próprio autor em Junho de 1999, para uma nova edição na Inglaterra. Que Bandidos originalmente  foi publicado na terra natal do autor  em 1969. É também informado no texto das orelhas que no Brasil ele só seria publicado e traduzido em 1973. Que este equivoco sirva de lição para quem estiver produzindo algum texto acadêmico procurem tomar muito cuidado com as fontes de pesquisa.

terça-feira, 19 de julho de 2016

RESENHA DE LUKE CAGE DA EDIÇÃO VERMELHA SALVAT



Outro dia fiz finalmente a conclusão  de minha leitura da edição de Luke Cage na edição vermelha da Salvat.

 













Uma edição que eu havia adquirido no ano passado, mas que só agora  eu pude fazer a conclusão de minha leitura da obra, após isso posso fazer então  minha análise critica dela.




 












Primeiro começo explicando alguns dados técnicos importantes, para depois explicar a respeito do conteúdo apresentado na obra. 


 











Bem sobre o formato ele é bem tipicamente americano, ela pertence a coleção vermelha da Salvat da Panini Comics denominado de “Os Heróis mais poderosos da Marvel”. Como é típico das edições dessa coleção, assim como na Salvat preta, trata-se de  uma edição de luxo em capa dura, contém 160 páginas, com a brochura quadrada bem característico desta coleção.  Como é também característico desta coleção, ele traz um compilado com uma edição antiga, clássica com traços e paletas de cores bem datados e com as edições mais recentes, com traços e paletas de cores bem modernas. A história é Luke Cage e Punho de Ferro, extraído de uma publicação clássica dos anos 1970,   cuja equipe criativa que esteve envolvida foram Chris Claremont , o mesmo responsável pela sensacional saga dos X-men “Dias de um futuro esquecido”, que inspirou a adaptação para o cinema em 2014.














Pois então a história clássica que abri a edição do Luke Cage de autoria dele como roteirista.  Que conta também como desenhista John Byrne, o velho parceiro de Claremont, que além deste também inclui Dan Green, Mike Zeck e Lee Elias.  Como arte-finalistas temos Ernie Chan, Ricardo Villamonte e Jim Mooney. Os editores originais foram Archie Goodwin, Jim Shooter e Bob Hall. A tradução para o português da versão brasileira é da Linus e as letras de Rui Alves. 


















Já a segunda história contida nesta edição que é “Cidade sem piedade”, traz em sua equipe John Arcudi como roteirista, Eric Canete e Pepe Larraz como desenhistas. Chris Chucrky e Andres Mossa como arte-finalistas. Tomo Brennan com editor original. Tom Brevoort como editor executivo original e Joe Quesada como editor-chefe original. Já  a edição brasileira ficou encarregada de ser feita pela Linus na tradução e Rui Alves como letrista.  
 











 Esta já mais moderna, extraída da recente edição de 2010.  Agora que já informei os dados técnicos, posso comentar minha impressão sobre os conteúdos das duas histórias apresentadas na edição  aqui em questão. Mas antes, devo colocar que como já é bem característico desta coleção assim como a Salvat preta, ele começa com um texto introdutório do editor, explicando do conceito e a essência  de cada herói para que a gente possa se familiarizar e se situar na trama. Para assim então podermos começar de fato a leitura e nos aventurar e deliciar  nas páginas coloridas. Bom, na trama que abre a edição que é “Luke Cage e Punho de Ferro”, apresenta quatro histórias extraído da edição original americana de “Power Man & Iron First  nº  50-53”, publicado em 1978.  Divididas  em “Liberdade!”,  seguido de “Uma Noite na cidade”, em seguida vem “Meia palavra basta para um super-herói morto...!”, que finaliza com “Salto Mortal” como bem já descrevi,  o enredo tem um tom todo datado,  nos apresenta a aventura do Luke Cage em parceria com o Punho de Ferro  e nos mostra um pouco de sua essência dele como o tipo não um super-herói, mas um tipo mais vigilante urbano, que enfrenta os perigo mais barra pesada  nas periferias, o tornando a meu ver bem mais realista do que o Homem-Aranha, o mais popular do Universo Mitológico Marvel. Digo isso porque, diferente do Homem-Aranha que além de ter superpoderes,  carrega o padrão de utilizar de uma irreverente roupa carnavalesca para combater gente insana que tenta amedrontar Nova York com o manto de um animal, e as vezes foge um pouco da realidade quando encara aventuras cósmicas. Coisa que aqui, o Luke Cage é o completo oposto, ele  enfrenta o perigo de  cara limpa, usando da força física para encarar qualquer bandido, não se utiliza de nenhuma identidade secreta inspirado em algum manto seja animal ou mesmo de algum objeto como fogo, por exemplo, nem muito menos precisa se utilizar de muita tralha tecnológica como o Batman e o Homem de Ferro, que vem do berço da elite usam para enfrentar grandes ameaças de proporções catastróficas.   Nesta versão podemos bem observar o Luke Cage  apresentando  o estilo da influencia do cinema blaxploitation, que era um gênero muito em alta na década de 1970, que se caracterizavam como  filmes cujo nicho especifico era o público afro-americano  que viviam marginalizados nos EUA numa época em que essa população lutava  pelos direitos civis.  *“Geralmente eles eram thrillers policiais ou de ação passados em regiões urbanas que apresentavam um predominantemente afro-americano que apresentava um elenco predominantemente afro-americano que interpretava seus personagens de uma maneira exagerada, quase caricata ”.Assim como os filmes desse gênero traziam um pouco um reflexo da vida marginal dessa população, Luke Cage também trazia um pouco desse reflexo. Principalmente quando  foi criado para a edição de Luke Cage: Hero for Hire nº1, publicado em Junho de 1972. Com roteiro de Archie Goodwin e desenhos de  John Romita Sr e George Tuska. Nesta versão podemos ver o Luke Cage cabeludo no estilo black powe, com uma tiara de metal na testa e uma roupa meio chamativa uma caracterização muito datada ao modismo dos anos 1970,  encarando a ameaça das gangues do seu bairro em parceria com o Punho de Ferro. Neste ano em que os dois vão ganhar uma série na Netflix, é bem recomendável dá uma lida nesta edição para conhecer mais  da essência de cada um e saber do que eles se tratam, que são tipos urbanos, heróis de aluguel que tem um tom bem mais realista do que outros heróis, porque encaram perigos mais rotineiros nos bairros barras pesadas das periferias, um herói que inclusive inspirou o nome do astro hollywoodiano Nicolas Cage.  Após fazer a leitura dessas quatro histórias, temo então aqui a saga mais recente de Luke Cage, Cidade sem piedade, extraída da edição original americana de New Avengers Luke Cage 1-3, publicado em 2010.




























Somos apresentados a sua nova roupagem, completamente careca, barbudão e com aspecto bem tipicamente  brucutu, aqui somos apresentados Luke Cage já estabelecido com o seu relacionamento amoroso com a Jéssica Jones, vivendo como um herói de aluguel  para sustentar a filha. Encarando outro perigo barra pesada com os chefões do tráfico, cuja pessoa envolvida está alguém do passado dele para fazer um grande acerto de contas. Assim como é característico dessa coleção vermelha da Salvat, após o fim da história, as últimas vêm recheadas de um longo texto informativo, explicando com um conteúdo bem enriquecido, fatos, curiosidades entre muitos detalhes sobre este herói. Vale a pena ter esta edição de luxo, para quem está ansioso para série dele estrear na Netflix, e conhecer um pouco da sua característica como um  herói mais humano dentro do panteão da Marvel recomendo ter esta edição para uma leitura e apreciar a bela obra-prima em épocas bem distintas para conhecer o perfil de um tipo que social que simboliza a figura marginalizada dos subúrbios das grandes cidades.

FONTE:
*Texto tirado de “Uma breve história de Luke Cage, O Poderoso”. Dentro da edição vermelha da Salvat.