sábado, 5 de novembro de 2016

RESENHA DA HQ AS LENDAS DE EXTREMOZ




 



A representação folclórica da cidade de Extremoz no Rio Grande do Norte  está bem retratado   aqui nesta edição do quadrinho intitulada “As lendas de Extremoz”, uma publicação da Editora Sol, selo da Coleção Evaldo Oliveira de autoria do quadrinista potiguar Carlos Alberto. Produzido em papel offset comum, com capa policromada em papel couché 60g, sem lombada em impressão offset na Gráfica Manimbú, contendo 24 páginas contando capas e miolo. Apesar de não ser uma edição de luxo, ainda assim contém uma ótima história.  Com roteiro e diagramação do próprio Carlos Alberto, além de desenhar, claro.  O desenho que ele aqui  apresenta é de uma excelente  qualidade, principalmente por ser voltado a  atingir o público infanto-juvenil como bem me falou o próprio autor numa conversa em particular pelo Facebook. Já que ele fez o lançamento desta obra durante o importante evento de cultura pop aqui no Estado que foi no Saga 2.0 em Outubro de 2016.
O estilo cartunesco do traço é o que dá o ótimo tom da obra, e sem as cores fica parecendo com um aspecto bem próximo de um mangá, o famoso quadrinho japonês como bem me contou o próprio autor.
O escopo que ele elaborou para o enredo é muito envolvente, fantástico. Apresenta uma  formula bem aventuresca, em um cenário bucólico como no município de Extremoz com muitos toques de  escapismo,  para dar aquela sensação lúdica de fantasia  ao leitor infanto-juvenil. Ainda mais se utilizando da figura de um menino, que se eu não tivesse consultado com o próprio autor pensaria que fosse menina, ainda mais pela maneira como ficou desenhado. Chamado Naara que nos servindo de guia para apresentar a cidade,  quebrando a quarta parede constantemente a cada página que aparece.  É ele que nos conta um pouco das peculiaridades da região.
Como no texto introdutório explicando um pouco da história do local um município litorâneo do Rio Grande do Norte que  antes da colonização portuguesa era habitado inicialmente pelos índios tupis, paiacus e potiguaras, que viviam as Margens da Lagoa de Guajiru. Também neste texto introdutório é explicado outros dados importantes sobre o município que foi a primeira vila da capitania do RN,  como  a origem do nome Extremoz, que recebeu em homenagem a cidade do Alentejo, em Portugal. Também que foi lá em 1607, que uma parte da terra foi concebida aos jesuítas, pelo capitão-mor do Rio Grande do Norte, onde teve como principal objetivo catequizar os indígenas e sendo também responsáveis pela construção da Igreja de São Miguel e estabelecimento da Missão Guajiru.  
Foi também em 1759 que o município foi criado oficialmente através de alvará, e instalado no dia 03 de Maio de 1760. Na antiga aldeia de Guajiru, tendo por sede a vila de Extremoz.  O texto introdutório termina concluindo que em 1885 a sede foi transferida para o povoado de Boca da Mata e passou a chamar-se Vila do Ceará-Mirim. Mas em 1963, desmembra-se do município de Ceará-Mirim e conquista sua independência politica. Assim desse jeito nós conhecemos um pouco sobre a primeira vila do Rio Grande do Norte.
No decorrer das folheadas somos então apresentados primeiro a parte praieira  de Extremoz com suas dunas, que servem como principal apelo turístico da região com os passeios de buggys,  suas práticas de esportes aquáticos e a Lagoa de Jenipabu com suas visões panorâmicas bem traçadas no perfeito  estilo cartunesco.
Em seguida Naara nos apresenta fatos curiosos  de Extremoz na época  da colonização portuguesa, antes da invasão holandesa quando houve a chegada dos jesuítas para catequizar os índios de uma forma bem didática.  Em seguida nos apresenta a construção da primeira igreja.  Onde lá somos levados a origem da lenda do sino caído  no lago, ocorrido após o acidente com o carreiro João  com sua carroça,  que agoniado quando viu os bois pararem numa noite levando o sino pesado. Havia quem acreditasse que o sujeito tinha um pacto com o demônio principalmente para aguentar a noite toda de viagem e nisto consequentemente ele sofreu a queda do lago que originou sua lenda que toda vez que o sino toca é sua maldição.   Assim como é mostrado a figura das cobras gigantes que pertencem a característica peculiar da cultura  local  entre outras peculiaridades que fazem parte do imaginário  Extremoz.
Foi também durante nossa  conversa no Facebook, que o Carlos Alberto contou que a ideia de transpor esta riqueza cultural da região para um quadrinho partiu depois dele ter tido uma conversa com seus primos que residem lá em Extremoz e “comentavam da dificuldade dos jovens encontrarem um ponto de partida pra um espetáculo,  muitos que moram lá sequer sabem dessas lendas.  Daí comecei o projeto. Espero que  eles possam utilizar o trabalho como referência".  Uma ótima iniciativa esta do Carlos Alberto de valorizar o patrimônio local.
Para resumir e concluir, o autor cumpriu bem o seu objetivo  de preservar a  cultura regional,  numa obra de ficção que além de usar de bons elementos didáticos como o Naara  servindo de guia para os leitores com sua interação quebrando a quarta parede,  também teve a preocupação de se utilizar do recurso narrativo das licenças poéticas e criativas  para entreter o leitor com toques lúdicos  de escapismo principalmente no que diz respeito a representação de tipos que fazem parte do imaginário regional do povo de Extremoz. Bem casado a representação cartunesca de cada personagem.  Podendo assim servir como uma  referencia para as próximas gerações,  instrumento muito importante de enriquecer a nossa cultura e  também dos nossos professores poderem trabalhar uma maneira mais atrativa  dos seus alunos preservarem sua identidade de cidadãos norte-rio-grandenses.  Leitura imperdível recomendo.

2 comentários:

  1. Opa, excelente o comentário a respeito da obra. Está de parabéns, o Breno pelo blog, diga-se de passagem, de um bom nível cultural e sempre atento às novidades do mundo dos quadrinhos e do cinema. Show!

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