A
representação folclórica da cidade de Extremoz no Rio Grande do Norte está bem retratado aqui nesta edição do quadrinho intitulada “As
lendas de Extremoz”, uma publicação da Editora Sol, selo da Coleção Evaldo
Oliveira de autoria do quadrinista potiguar Carlos Alberto. Produzido em papel
offset comum, com capa policromada em papel couché 60g, sem lombada em
impressão offset na Gráfica Manimbú, contendo 24 páginas contando capas e
miolo. Apesar de não ser uma edição de luxo, ainda assim contém uma ótima história.
Com roteiro e diagramação do próprio Carlos
Alberto, além de desenhar, claro. O
desenho que ele aqui apresenta é de uma
excelente qualidade, principalmente por
ser voltado a atingir o público
infanto-juvenil como bem me falou o próprio autor numa conversa em particular pelo
Facebook. Já que ele fez o lançamento desta obra durante o importante evento de
cultura pop aqui no Estado que foi no Saga 2.0 em Outubro de 2016.
O
estilo cartunesco do traço é o que dá o ótimo tom da obra, e sem as cores fica
parecendo com um aspecto bem próximo de um mangá, o famoso quadrinho japonês como
bem me contou o próprio autor.
O
escopo que ele elaborou para o enredo é muito envolvente, fantástico. Apresenta
uma formula bem aventuresca, em um
cenário bucólico como no município de Extremoz com muitos toques de escapismo,
para dar aquela sensação lúdica de fantasia ao leitor infanto-juvenil. Ainda mais se
utilizando da figura de um menino, que se eu não tivesse consultado com o
próprio autor pensaria que fosse menina, ainda mais pela maneira como ficou
desenhado. Chamado Naara que nos servindo de guia para apresentar a cidade, quebrando a quarta parede constantemente a
cada página que aparece. É ele que nos
conta um pouco das peculiaridades da região.
Como
no texto introdutório explicando um pouco da história do local um município litorâneo
do Rio Grande do Norte que antes da
colonização portuguesa era habitado inicialmente pelos índios tupis, paiacus e
potiguaras, que viviam as Margens da Lagoa de Guajiru. Também neste texto
introdutório é explicado outros dados importantes sobre o município que foi a
primeira vila da capitania do RN, como a origem do nome Extremoz, que recebeu em
homenagem a cidade do Alentejo, em Portugal. Também que foi lá em 1607, que uma
parte da terra foi concebida aos jesuítas, pelo capitão-mor do Rio Grande do
Norte, onde teve como principal objetivo catequizar os indígenas e sendo também
responsáveis pela construção da Igreja de São Miguel e estabelecimento da
Missão Guajiru.
Foi
também em 1759 que o município foi criado oficialmente através de alvará, e
instalado no dia 03 de Maio de 1760. Na antiga aldeia de Guajiru, tendo por
sede a vila de Extremoz. O texto
introdutório termina concluindo que em 1885 a sede foi transferida para o
povoado de Boca da Mata e passou a chamar-se Vila do Ceará-Mirim. Mas em 1963,
desmembra-se do município de Ceará-Mirim e conquista sua independência politica.
Assim desse jeito nós conhecemos um pouco sobre a primeira vila do Rio Grande
do Norte.
No
decorrer das folheadas somos então apresentados primeiro a parte praieira de Extremoz com suas dunas, que servem como
principal apelo turístico da região com os passeios de buggys, suas práticas de esportes aquáticos e a Lagoa
de Jenipabu com suas visões panorâmicas bem traçadas no perfeito estilo cartunesco.
Em
seguida Naara nos apresenta fatos curiosos
de Extremoz na época da colonização
portuguesa, antes da invasão holandesa quando houve a chegada dos jesuítas para
catequizar os índios de uma forma bem didática.
Em seguida nos apresenta a construção da primeira igreja. Onde lá somos levados a origem da lenda do
sino caído no lago, ocorrido após o acidente
com o carreiro João com sua
carroça, que agoniado quando viu os bois
pararem numa noite levando o sino pesado. Havia quem acreditasse que o sujeito tinha
um pacto com o demônio principalmente para aguentar a noite toda de viagem e
nisto consequentemente ele sofreu a queda do lago que originou sua lenda que
toda vez que o sino toca é sua maldição. Assim
como é mostrado a figura das cobras gigantes que pertencem a característica
peculiar da cultura local entre outras peculiaridades que fazem parte do
imaginário Extremoz.
Foi
também durante nossa conversa no
Facebook, que o Carlos Alberto contou que a ideia de transpor esta riqueza
cultural da região para um quadrinho partiu depois dele ter tido uma conversa
com seus primos que residem lá em Extremoz e “comentavam da dificuldade dos
jovens encontrarem um ponto de partida pra um espetáculo, muitos que moram lá sequer sabem dessas lendas. Daí comecei o projeto. Espero que eles possam utilizar o trabalho como referência". Uma ótima iniciativa esta do Carlos
Alberto de valorizar o patrimônio local.
Para
resumir e concluir, o autor cumpriu bem o seu objetivo de preservar a
cultura regional, numa obra de
ficção que além de usar de bons elementos didáticos como o Naara servindo de guia para os leitores com sua
interação quebrando a quarta parede, também
teve a preocupação de se utilizar do recurso narrativo das licenças poéticas e
criativas para entreter o leitor com
toques lúdicos de escapismo principalmente no que diz respeito a representação de tipos
que fazem parte do imaginário regional do povo de Extremoz. Bem casado a representação cartunesca de cada personagem. Podendo assim servir
como uma referencia para as próximas
gerações, instrumento muito importante
de enriquecer a nossa cultura e também dos
nossos professores poderem trabalhar uma maneira mais atrativa dos seus alunos preservarem
sua identidade de cidadãos norte-rio-grandenses. Leitura imperdível recomendo.
Opa, excelente o comentário a respeito da obra. Está de parabéns, o Breno pelo blog, diga-se de passagem, de um bom nível cultural e sempre atento às novidades do mundo dos quadrinhos e do cinema. Show!
ResponderExcluirMuito obrigado
Excluir