No recente evento do Sexto
Cuscuz HQ ocorrido no sábado, 05 de Agosto de 2017, eu adquiri como minha nova
aquisição a HQ MALDITO SERTÃO.
Uma
produção de quadrinistas da terra potiguar. Publicado em 2016, adaptado de um
livro de Márcio Benjamin, por cinco roteiristas compostos por Renato Medeiros,
Rodrigo Xavier, Mario Rasec e o casal Leandro e Cristal Moura. Que formam o
grupo do Coletivo Quadro 9 em
parceria com Ao Quadrado, selo de quadrinhos potiguar pertencente a Jovens Escribas. Responsável pela publicação original da obra em
2012. Neste material grande contendo 36 páginas, com 28 metros de comprimentos
por 21 de largura, com capa de formato cartonada com orelhas contendo um texto
descritivo sobre a obra, impressa em papel pólen bold 90G/M2 e
brochura quadrada. Contendo nove
histórias que narram os contos de terror ambientados no sertão nordestino, ou
seja, uma obra ambientada em um cenário bucólico, trazendo vários elementos do
folclore brasileiro como a Mula-Sem-Cabeça, Papa-Figo, Lobisomen entre outros
com uns toques fantasiosos de escapismo. Cada um desses contos contidos na obra
foi adaptado por um dos cinco roteiristas. Renato Medeiros foi responsável por
adaptar três dos nove contos apresentados na HQ, que são O Oratório, A Sombra da Cruz e A Procissão do Nosso Senhor Morto.
Sendo que apenas neste ele assumiu a responsabilidade tanto de adaptar o
roteiro quanto de ilustrar. Nos outros ele apenas fez o roteiro e deixou
encarregado de ilustrar Cristal Moura em O
Oratório e Rodrigo Xavier em A Sombra
da Cruz. Já Mário Rasec é quem dos cinco ficou encarregado de adaptar a
maior parte das histórias contidas na HQ do primeiro ao último que são Casa de Fazenda, A Mata, Fome Materna(Estradinha de Barro) e
BR-101. Onde em boa parte ele tanto roteiriza quanto ilustra, com exceção
de Fome Materna, que foi onde ele
apenas roteirizou, quem ficou encarregado de ilustrar foi Leandro Moura. O
mesmo participa da obra adaptando tanto no roteiro quanto na ilustração de A Gruta
e Rio Abaixo. Cada um dos cinco
roteiristas responsáveis pela HQ tiveram suas respectivas liberdades criativas
com carta branca do Márcio Benjamin, construindo com suas próprias licenças
poéticas ao modificar elementos do formato de conto do livro que pudessem se
adequar na narrativa quadrinesca. O próprio autor gostou do resultado e até
participou da obra escrevendo o texto de apresentação. Sobre a técnica de
traçado usada para ilustrar as cenas quadro a quadro da narrativa da HQ, cada
um se utilizou de um modelo diferente que criasse toda a atmosfera sombria e
barra pesada da obra para dar o toque amedrontador em sua identidade visual.
Mario Rasec e Leandro Moura optaram por recorrer a aquarela e ao nanquim, para
colocar uma atmosfera pastosa, proporcionando ao leitor um tom de melancolia
agonizante. Já o Renato Medeiros, Rodrigo Xavier e Cristal Moura, optaram por
desenhar apenas no nanquim mesmo com o intuito de aproximar de “um terror noir dos
mestres da Creepy, Cripta do Terror e de Hqs dos anos 80”, como bem me contou o
Renato Medeiros ao colher estas informações diretamente com ele no Facebook
utilizando sempre de paletas de cores escuras que bem remetem as ilustrações dos
cordéis criando um tom bem amedrontador a obra e com uma alta carga dramática. Quando
perguntei ao Renato Medeiros sobre qual das três histórias que ele adaptou foi
a que lhe deu mais trabalho, ele respondeu o seguinte: “Penso que o mais
trabalhoso foi o da Cristal, O Oratório
porque tive de adaptar um conto macabro para o traço da Cristal que é um traço
limpo e elegante. Tivemos que dá um teor de conto fantástico ao mesmo tempo de remeter a ideia de
xilogravura. Não foi fácil mas creio que a Cristal conseguiu dá o tom correto.
Penso que a outra seria A Procissão do
Nosso Senhor Morto pelo pouco tempo que tive para fazer uma arte final mais
caprichada, como não sou ilustrador como os demais sofri bastante.” Já quando questionei ao Rodrigo Xavier, que
participou da obra apenas como ilustrador em A Sombra da Cruz, que teve o roteiro adaptado pelo Renato Medeiros
entre roteirizar e ilustrar qual que ele achou o mais difícil, ele me respondeu
da seguinte forma: “Não tive nenhuma experiência em roteiro ainda, mas acredito
que as duas tenham suas dificuldades. No caso do roteiro, uma história deve ser
boa pra se sustentar. No caso do desenho, a dificuldade está mais na narrativa
que deve ser clara pra que o leitor compreenda o que está acontecendo e não
fique confuso.” Leandro Moura que assina as adaptações de A Gruta, Rio Abaixo e
Fome Materna neste onde ele só ilustra, ao ser questionado por mim sobre qual
foi a mais trabalhosa dele produzir ele me explicou assim: “Bom, em termos de
pesquisa foi Fome Materna, uma vez
que se tratava de uma história com uma ambientação no passado(década de 1980),
e por isso, alguns elementos como tipo de
carro, casarão(real da Viúva Machado) e/ou roupas do período. Porém, o
conto original, Rio Abaixo é bem
surreal e ao mesmo tempo denso demais, o que coube fazer uma adaptação muito
diferente, mas ainda aterrador. A Gruta
foi a primeira história a ficar pronta, provavelmente um ano antes da
“oficialização” do anúncio da editora Jovens Escribas nos meios de comunicação.
Tentei captar numa única página(splash pages) a tensão e desespero no conto
original, que por sinal um dos mais assombrosos do livro. Enfim cada um tem
suas particularidades, mas se for para escolher um então fico com Fome Materna pela pesquisa citada que
incluem fotos de necrotério, matérias sobre pessoas desaparecidas, lendas sobre
o bicho-papão etc..” Quanto a Mario Rasec ao ser perguntado sobre a maioria das
histórias contida na edição que ele adaptou qual foi a que ele sentiu ser mais
trabalhosa de adaptar ele descreveu com estas palavras: “Casa de Fazenda deu um pouco mais de trabalho em roteiro e um pouco
na ilustração porque, para essa HQ eu utilizei bastante referência fotográfica
para deixar o desenho mais realista possível. Das escolhas do cenário aos
personagens contei com ajuda de outros participantes da adaptação para servir
de modelos para fotos que utilizaria como referência. Mas, no geral, embora eu
tivesse todo esse "trabalho" de pesquisa visual, o processo não
deixou de ser prazeroso. Considerei um desafio e um avanço na minha técnica de
ilustração. Acho que todos ganharam com isto, os leitores e eu por ter evoluído
mais um pouco na minha arte. A
Mata,
na ilustração deu também mais trabalho. Foi a primeira que ilustrei e pedi
ajuda dos amigos para recriar posições para fotos de referência. Mas foi um
processo muito divertido. Em Casa de Fazenda eu ainda tive que
procurar referencias para a tal casa e os cachorro morto no começo. Por isto,
considero Casa de Fazenda um processo
mais trabalhoso. Além do roteiro que procurou algo que não fosse uma cópia da
história original e nem que mudasse sua essência. Não sei se quanto a roteiro
eu fui bem sucedido. Mas foi um aprendizado a mais para futuras adaptações.” Já
Cristal Moura cuja participação na obra foi apenas para ilustrar O Oratório, ao ser questionada sobre
qual parte do enredo foi mais trabalhoso para de ser desenhado durante toda a etapa de produção ela me
respondeu: “Durante a produção de O
Oratório tive dificuldades em desenhar e esboçar cenas internas, por conta
da perspectiva, uma vez que pensei no desenho inspirado nas xilogravuras, um
desenho mais simples e com uma carga emocional. Aprendi muitas coisas novas
durante o processo de pesquisa e de desenho, percebi que me identifico com a
arte final com bico de pena e também com aguada em nanquim.” De todo jeito, posso resumir que apesar de
toda a ralação que eles enfrentaram para
adaptarem o enredo dos contos de um
livro em formato de quadrinho, tanto no aspecto de roteiro quanto nas
ilustrações das cenas, de todo jeito o resultado final ficou magnifico, uma
verdadeira obra de arte que se você é de apreciar este estilo, recomendo a leitura.
Já se você não tiver estômago para ver as cenas ilustradas fortes e barras
pesadas contidas na obra, então
recomendo não a adquirir. Ela tem disponível na loja da Pandora Geek localizado
na Zona Norte para quem reside aqui em Natal/RN. Ou seja, posso resumir que essa HQ é massa, foda.
Muito agradecido Breno, e ficamos alegres que tenha gostado
ResponderExcluirObrigado.
ResponderExcluirBom dia Breno, super valeu pela resenha.
ResponderExcluirFico agradecido Cristal.
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