No dia 05 de Novembro de
1605, ocorria na Inglaterra a Conspiração da Pólvora, uma espécie de tentativa terrorista
frustrada promovida por Guy
Fawkes(1570-1606) para explodir o
Parlamento Britânico, também chamada de Câmara dos Lordes para tentar
assassinar o Rei James IV da Escócia e I
da Inglaterra(1566-1625). Foi esta a
inspiração para a criação de um herói mascarado com ideias anárquicas em tempos
sombrios numa Inglaterra de um futuro distópico como é retratado no filme V
de Vingança(V For Vendetta, Reino Unido, EUA, Alemanha, 2005).
Inspirada na HQ de Alan
Moore, publicado na década de 1980, onde ele bebendo da fonte do romance 1984 do britânico George Orwell(1903-1950). Criou uma densa história representando o
cenário de uma futura Inglaterra distópica vivendo sob um regime totalitário conservador
inspirado no nazifascismo que passar a perseguir as minorias, por representarem
a figura de personas non gratas do Governo do Fogo Nórdico. Onde todo mundo é vigiado sem a menor liberdade para nada. É
Tanto que os meios de comunicação constantemente noticiam os feitos do
Chanceler(John Hurt) e mostram o Ministro Protero( Roger Alam) ameaçar todo
mundo. Eis que surge no dia 05 de Novembro um cara mascarado chamado apenas por
V(Hugo Weaving) para motivar a população a se rebelar contra a tirania desse
governo. O que desperta o interesse da jornalista Evey(Natalie Portman)
investigar que é ele a ponto de nutrir uma enorme atração enquanto que a policial vai no encalço dele e
investigar de onde ele veio? Quais suas razões para isto? O filme contou com a
direção do australiano James McTeigue e com produção de Joel Silver e das Irmãs
Warchowski que também ficaram encarregadas de adaptar o roteiro, com muitas
tomadas de liberdade que com certeza não devem terem agradado nada Allan Moore
que é bem conhecido de seus leitores pela postura de repulsa a ver suas obras
adaptadas para o cinema. É tanto que sequer o nome dele apareceu creditado. Dentre
as mudanças adotadas com relação a HQ
para o filme é que na HQ o cenário do futuro era ambientado nos anos 1990 e
trazia um tom de crítica ferrenha do
autor ao método de Governo Conservador
Neoliberal da então Primeira-Ministra da
Inglaterra Margareth Thatcher(1925-2013) naquele contexto me que o mundo ainda vivia polarizado com a
Guerra Fria com os ideais capitalistas americanos e comunistas soviéticos.
Quanto que no filme foi colocado para as décadas de 2020 ou 2030, o trazendo
para o tom de crítica social o
contextualizando ao então Governo do Primeiro-Ministro Tony Blair com seu apoio
aos EUA então governado por George W. Bush naqueles primórdios do século 21.
Que naquele mesmo ano que
este filme foi lançado, o pais sofreu um atentado terrorista em seu metrô
promovido por um grupo islâmico.
Outra também diferença do
filme com relação a HQ , é que na HQ o protagonista carrega um tom mais anárquico e transgressor. V no
quadrinho é retratado de forma muito cruel, disposto a matar qualquer um que
estivesse em seu caminho chegava a níveis psicóticos. Já no filme este aspecto
foi bastante suavizado, trazendo uns toques mais romantizados de combatente da
liberdade que demonstra preocupação com
a perda de vidas inocentes e com ares refinados, principalmente no seu gosto
por música clássica, o que fica bem evidente quando ele bota para tocar sempre
que promove uma explosão a clássica ópera
do maestro russo Piotr Illich Tchaikovsky(1840-1893), Abertura 1812 que teatraliza a
resistência russa a invasão das tropas de Napoleão Bonaparte que se encaixou
bem a proposta do filme. E também na literatura, o que também fica evidente
quando ele menciona a famosa obra do francês Alexandre Dumas(1802-1870) O Conde de
Monte Cristo. Inspiração para sua motivação vingativa que vai sendo
construída aos poucos, principalmente no quebra-cabeça envolvendo o mistério das
três pessoas que ele mata ao longo da história. E sempre a deixando
acompanhadas de uma rosa vermelha denominadas de Scarlet Carson. De todo jeito,
pode-se resumir que a maneira como ele foi adaptado aos cinemas mostrou-se
bastante crível de ver e mantendo a característica do tom crítico social-político de pessimismo
adaptado aos idos do começo do século 21 onde vivíamos o clima de pânico do
terrorismo. Um dos principais destaques do filme está em seu casting de elenco.
Hugo Weaving como protagonista V,
desempenhou muito em cena todas as nuances do personagem, mesmo ficando o tempo
todo mascarado, que no filme é explicado de forma mais sugestiva, como consequência
de quando ele estava aprisionado pelo Governo numa espécie de campo de concentração
e lá tinha virado cobaia humana de um insano experimento cientifico e ele como
era paciente do quarto número 5, que era identificado no algarismo romano de V,
por ai já deixou de onde vinha sua inspiração para ser chamado por V. Outro destaque do elenco vai para Natalie
Portman como a jornalista Evey Hammond, o interesse amoroso do protagonista
ainda que platonicamente. Com uma ótima subtrama onde a gente até entendi até
os motivos para ela odiar o Governo do Chanceler. Principalmente por ter
perdido sua família, que foi morta a mando dos Mandachuvas do Governo. O falecido John Hurt(1940-2017) na pele do
Chanceler esteve fenomenal, principalmente na maneira como ali ele representou
em seu personagem uma ótima referência ao Grande Irmão do romance do romance 1984,
especialmente por se comunica com o povo através de uma tele tela.
Também destacar Roger Alam na pele do Lewis Prothero, este mostrou um
brilhante desempenho na pele do personagem representante do mais alto escalão
do Governo do Chanceler Sutler aparecendo sempre na TV para imprimir o seu
discurso repulsivo, nojento, fundamentalista de ódio as minorias algo que temos
visto ocorrer de uns tempos para cá. Também não posso deixar de mencionar Stephen Fry na pele do
apresentador de TV Gordon Deitrich, um bom tipo cômico no qual ele desempenha
brilhantemente quando resolve provocar o Chanceler em seu programa,
proporcionado um dos poucos momentos de frescor com um humor bem
caracteristicamente britânico numa
história que do início ao fim carrega um tom muito pesado, especialmente nos
momentos mais tensos cheios de muito suspense.
E por fim destaco para Stephen
Rea na pele do policial Eric Finch e
para Rupert Graves como o seu parceiro Dominic dando uns toques de Sherlock
Holmes com James Bond ao tentarem investigar e montar todo o quebra-cabeça dos
atentados provocados pelo mascarado numa subtrama bem carregada de um suspense
policial, com toques bem característicos de espionagem britânica.
Em um balanço geral, V
de Vingança trata-se de um excelente filme que aborda de uma forma
bastante filosófica e complexa, mas sem esquecer das sutilezas, refletindo
bastante no momento em que estamos vivendo neste mundo polarizado e
cheio de intolerâncias e do que algumas pessoas para impor são capazes de nos
manipular para nos convencer a usar do medo para nos controlar. Uma verdadeira
lavagem cerebral. Cuja figura do
anti-herói representa bastante a figura desprezada da camada do regime
totalitarista e virou o agente do caos por consequência da forma desumana como
eles o trataram na prisão e se inspirou no símbolo de um importante
revolucionário como Guy Fawkes para criar sua máscara de ser transgressor,
criador do caos e anarquista que acabou se popularizando a ponto de virar o
símbolo do grupo de manifestantes anonymus. Além de contar com ótimas cenas de ação,
principalmente as bem coreografadas do protagonista, utilizando-se apenas de
efeitos práticos. Com o brilhante design de produção especialmente fotográfica
com paletas de cores em tom escuro e cinzento dando um toque melancólico e cinzento a atmosfera
barra pesada da trama. Recomendo darem uma conferida em V de Vingança para a
gente entender um pouco como que uma ideia de tolerância pode ocasionar e como
funciona o regime totalitarista e como eles fazem para nos manipular e
consequentemente como funciona a figura de um agente do caos.
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