terça-feira, 5 de novembro de 2019

FILME V DE VINGANÇA E O DIA DA PÓLVORA


No dia 05 de Novembro de 1605, ocorria na Inglaterra a Conspiração da Pólvora,  uma espécie de tentativa terrorista frustrada  promovida por Guy Fawkes(1570-1606)  para explodir o Parlamento Britânico, também chamada de Câmara dos Lordes para tentar assassinar o Rei  James IV da Escócia e I da Inglaterra(1566-1625).  Foi esta a inspiração para a criação de um herói mascarado com ideias anárquicas em tempos sombrios numa Inglaterra de um futuro distópico como é retratado no filme V de Vingança(V For Vendetta, Reino Unido, EUA, Alemanha, 2005). 







Inspirada na HQ de Alan Moore, publicado na década de 1980, onde ele bebendo da fonte  do romance 1984 do britânico  George Orwell(1903-1950).  Criou uma densa história representando o cenário de uma futura Inglaterra distópica vivendo sob um regime totalitário conservador inspirado no nazifascismo que passar a perseguir as minorias, por representarem a figura de personas non gratas do Governo do Fogo Nórdico.  Onde todo mundo    é vigiado sem a menor liberdade para nada. É Tanto que os meios de comunicação constantemente noticiam os feitos do Chanceler(John Hurt) e mostram o Ministro Protero( Roger Alam) ameaçar todo mundo. Eis que surge no dia 05 de Novembro um cara mascarado chamado apenas por V(Hugo Weaving) para motivar a população a se rebelar contra a tirania desse governo. O que desperta o interesse da jornalista Evey(Natalie Portman) investigar que é ele a ponto de nutrir uma enorme atração  enquanto que a policial vai no encalço dele e investigar de onde ele veio? Quais suas razões para isto? O filme contou com a direção do australiano James McTeigue e com produção de Joel Silver e das Irmãs Warchowski que também ficaram encarregadas de adaptar o roteiro, com muitas tomadas de liberdade que com certeza não devem terem agradado nada Allan Moore que é bem conhecido de seus leitores pela postura de repulsa a ver suas obras adaptadas para o cinema. É tanto que sequer o nome dele apareceu creditado. Dentre as  mudanças adotadas com relação a HQ para o filme é que na HQ o cenário do futuro era ambientado nos anos 1990 e trazia um tom de crítica ferrenha  do autor  ao método de Governo Conservador Neoliberal  da então Primeira-Ministra da Inglaterra Margareth Thatcher(1925-2013) naquele contexto  me que o mundo ainda vivia polarizado com a Guerra Fria com os ideais capitalistas americanos e comunistas soviéticos. Quanto que no filme foi colocado para as décadas de 2020 ou 2030, o trazendo para o tom de crítica social  o contextualizando ao então Governo do Primeiro-Ministro Tony Blair com seu apoio aos EUA então governado por George W. Bush naqueles primórdios do século 21.

Que naquele mesmo ano que este filme foi lançado, o pais sofreu um atentado terrorista em seu metrô promovido por um grupo islâmico. 




Outra também diferença do filme com relação a HQ , é que na HQ   o protagonista carrega um  tom mais anárquico e transgressor. V no quadrinho é retratado de forma muito cruel, disposto a matar qualquer um que estivesse em seu caminho chegava a níveis psicóticos. Já no filme este aspecto foi bastante suavizado, trazendo uns toques mais romantizados de combatente da liberdade  que demonstra preocupação com a perda de vidas inocentes e com ares refinados, principalmente no seu gosto por música clássica, o que fica bem evidente quando ele bota para tocar sempre que promove uma explosão a  clássica ópera do maestro russo Piotr Illich Tchaikovsky(1840-1893),  Abertura 1812 que teatraliza a resistência russa a invasão das tropas de Napoleão Bonaparte que se encaixou bem a proposta do filme. E também na literatura, o que também fica evidente quando ele menciona a famosa obra do francês  Alexandre Dumas(1802-1870) O Conde de Monte Cristo. Inspiração para sua motivação vingativa que vai sendo construída aos poucos, principalmente no quebra-cabeça envolvendo o mistério das três pessoas que ele mata ao longo da história. E sempre a deixando acompanhadas de uma rosa vermelha denominadas de Scarlet Carson. De todo jeito, pode-se resumir que a maneira como ele foi adaptado aos cinemas mostrou-se bastante crível de ver e mantendo a característica  do tom crítico social-político de pessimismo adaptado aos idos do começo do século 21 onde vivíamos o clima de pânico do terrorismo. Um dos principais destaques do filme está em seu casting de elenco.  Hugo Weaving como protagonista V, desempenhou muito em cena todas as nuances do personagem, mesmo ficando o tempo todo mascarado, que no filme é explicado de forma mais sugestiva, como consequência de quando ele estava aprisionado pelo Governo numa espécie de campo de concentração e lá tinha virado cobaia humana de um insano experimento cientifico e ele como era paciente do quarto número 5, que era identificado no algarismo romano de V, por ai já deixou de onde vinha sua inspiração para ser chamado por V.  Outro destaque do elenco vai para Natalie Portman como a jornalista Evey Hammond, o interesse amoroso do protagonista ainda que platonicamente. Com uma ótima subtrama onde a gente até entendi até os motivos para ela odiar o Governo do Chanceler. Principalmente por ter perdido sua família, que foi morta a mando dos Mandachuvas do Governo.  O falecido John Hurt(1940-2017) na pele do Chanceler esteve fenomenal, principalmente na maneira como ali ele representou em seu personagem uma ótima referência ao Grande Irmão do romance do romance 1984, especialmente por se comunica com o povo através de uma tele tela. 






Também destacar Roger Alam na pele do Lewis Prothero, este mostrou um brilhante desempenho na pele do personagem representante do mais alto escalão do Governo do Chanceler Sutler aparecendo sempre na TV para imprimir o seu discurso repulsivo, nojento, fundamentalista de ódio as minorias algo que temos visto ocorrer de uns tempos para cá. Também não posso  deixar de mencionar Stephen Fry na pele do apresentador de TV Gordon Deitrich, um bom tipo cômico no qual ele desempenha brilhantemente quando resolve provocar o Chanceler em seu programa, proporcionado um dos poucos momentos de frescor com um humor bem caracteristicamente britânico  numa história que do início ao fim carrega um tom muito pesado, especialmente nos momentos mais tensos cheios de muito suspense.   E por fim destaco  para Stephen Rea na pele do policial  Eric Finch e para Rupert Graves como o seu parceiro Dominic dando uns toques de Sherlock Holmes com James Bond ao tentarem investigar e montar todo o quebra-cabeça dos atentados provocados pelo mascarado numa subtrama bem carregada de um suspense policial, com toques bem característicos de espionagem britânica. 







Em um balanço geral, V de Vingança trata-se de um excelente filme que aborda de uma forma bastante filosófica e complexa, mas sem esquecer das sutilezas,  refletindo  bastante no momento em que estamos vivendo neste mundo polarizado e cheio de intolerâncias e do que algumas pessoas para impor são capazes de nos manipular para nos convencer a usar do medo para nos controlar. Uma verdadeira lavagem cerebral.  Cuja figura do anti-herói representa bastante a figura desprezada da camada do regime totalitarista e virou o agente do caos por consequência da forma desumana como eles o trataram na prisão e se inspirou no símbolo de um importante revolucionário como Guy Fawkes para criar sua máscara de ser transgressor, criador do caos e anarquista que acabou se popularizando a ponto de virar o símbolo do grupo de manifestantes anonymus. Além de  contar com ótimas cenas de ação, principalmente as bem coreografadas do protagonista, utilizando-se apenas de efeitos práticos. Com o brilhante design de produção especialmente fotográfica com paletas de cores em tom escuro e cinzento dando  um toque melancólico e cinzento a atmosfera barra pesada da trama. Recomendo darem uma conferida em V de Vingança para a gente entender um pouco como que uma ideia de tolerância pode ocasionar e como funciona o regime totalitarista e como eles fazem para nos manipular e consequentemente como funciona a figura de um agente do caos.


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