quinta-feira, 16 de julho de 2020

5 RAZÕES PARA OS FILMES DO BATMAN DE JOEL SCHUMACHER SEREM TÃO ODIADOS?


No mês passado, Batman Eternamente (Batman Forever, EUA, 1995), completou 25 anos do seu lançamento. Filme dirigido por Joel Schumacher. Que não por acaso faleceu no dia 22 de Junho, aos 80 anos após enfrentar uma batalha contra o câncer. 



Ele que já estava  há anos aposentado do cinema. Carrega no currículo filmo gráfico trabalhos excelentes. Mas ficou bastante estigmatizado por ter dirigido dois filmes do mais icônico herói da DC, o Batman. Cujos resultados ficaram tão péssimos que até hoje se tornaram umas unanimidades de ruins. Mas por quê será? Após revisitar os dois filmes do Morcegão  que ele dirigiu que foi Batman Eternamente  e Batman & Robin (EUA, 1997). Ao conferir fiz umas anotações e cheguei a umas  5 razões que podem explicar bem isso. Deixar claro que pessoalmente eu gosto desses filmes, a minha análise é completamente isenta. Deixarei de lado a minha paixão de fã. E vou analisar pelo lado técnico cinematográfico. E que seja visto como uma homenagem ao diretor.  Dito isso bora para as razões deles serem tão odiados.


RAZÃO Nº1
MUDANÇAS DE TOM







Quando Joel Schumacher foi contratado pela Warner para dirigir este terceiro capitulo da franquia clássica do Batman, ele teve o duro desafio de pegar um universo que já estava bem estabelecido pelo Tim Burton. Que já havia dirigido Batman(EUA, 1989) e Batman-O Retorno( Batman Returns, EUA, 1992). Com sua peculiar estética gótica inspirado no cinema expressionista alemão, com uma fotografia mais escura, explorando uma panorâmica soturna  urbana com toques   noir de uma  Gotham Citty poluída e imprimindo um pouco  da sua excentricidade como é característico das suas obras. Tim Burton tinha pensado em concluir sua  participação no projeto da franquia com uma trilogia. Acontece que ele precisou abandonar pela razão de como ele declarou posteriormente foi porque a rede de fast food McDonald´s, patrocinadora do filme e responsável pelo licenciamento estava com prejuízo na venda devido ao seu tom pesado. Burton ainda participou do filme, mas apenas como produtor executivo. Schumacher teve o desafio de trabalhar justamente num filme que fosse mais family friendly para atrair no aspecto comercial, coisa que ele não sabia como fazer. Já que no seu currículo de filmes que já dirigiu, incluía de teor adulto muito pesado. Ele partiu da ideia de se inspirar na pegada de humor da clássica série de TV de  1966, produzida por William Dozier(1908-1991), e também  pela Fox e estrelada por Adam West(1928-2017) como Batman com tom galhofa, satírico, nonsense, com uma estética extremamente colorida com tons bem berrantes inspirado na pop art e muito  camp. E cheios de elementos cartunescos. Essa referência fica bem evidente na caracterização do Charada(Jim Carrey) cujo tom caracterização vestido  de collant verde com os símbolos da interrogação e com uma máscara cobrindo os olhos remete demais ao modelo usado pelo vilão na série clássica onde foi interpretado por Frank Gorshin(1933-1997) e por John Astin. Se ele partiu dessa premissa de trazer um tom leve e divertido pensando na parte comercial do licenciamento de brinquedos. Nisso ele conseguiu cumprir bem. Tanto que dirigiu posteriormente  B&R.  Porém, nota-se como o diretor errou demais a mão com relação ao texto ao não seguir o ritmo da narrativa, principalmente nas muitas piadas colocadas aqui  muito jogadas sem timing, o que nota-se em alguns momentos o desconforto constrangedor  de parte do elenco com um texto muito abobalhado e com um trabalho muito mal  desenvolvido de construção de personalidade dos personagens. E a própria narrativa ir se perdendo do fio do seu novelo. Me faz lembrar que quando eu vi esse filme no cinema, na época em que foi lançado eu estava com 12 anos e me lembro que vi legendado uma cena  do Robin fazendo uma manobra radical, onde ele diz Kawabanga, que é uma referência ao bordão das Tartarugas Ninjas e na legenda da cena alguém da tradução, posso até estar enganado, mas  colocou “Ah!, eu tô maluco”. Numa referência a uma popular canção que era bastante tocadas nas rádios aqui do Brasil. Para provar o quão nonsene e até datado que essas obras ficaram.




RAZÃO Nº2
ESTÉTICA KITSCH


























Essa mudança de tom visual que Schumacher modificou ao assumir o duro desafio de dirigir esses dois filmes de Batman, de transformar a atmosfera da  Gotham soturna, sombria, suja,  impresso  pelos filmes do Tim Burton numa cidade mais agradavelmente colorida com inspiração na clássica série de TV dos anos 1960. Também é outro  ponto que pecou demais e onde ele errou a mão demais na hora de pincelar. Batmóvel piscando luzes parecendo um carro alegórico, as caracterizações ridículas dos vilões ficando muito carnavalescos, o Duas-Caras(Tommy Lee Jones) de Batman Eternamente ficou  mais parecendo  uma ridícula caricatura cartunesca,  isso sem falar no design das suas  duas assistentes Sugar(Drew Barrymore) e Spice(Debi Mazar) vestindo uns  decote muito sexualizado, ficaram mais parecendo uns estereótipos  de objetificação da fantasia erótica masculina, tipo umas strippers fazendo umas apresentações burlescas em apresentações de    cabarés. Isso sem falar nos capangas com capuz, parecendo versões toscas de  ninjas. Pior é a caracterização do Mr. Freeze cuja textura da tinta azul na pele do Schwarzenegger fez ele parecer um quase cospobre do Blue Man Group cujos efeitos de brilho o deixam parecer uma animação mal feita em computação gráfica em 3D que fazem ele mais parecer uma versão cartunesca de videogame de SuperNintendo e com aquele design ridículo da armadura robotizada do personagem, ficou tosco demais, quase um estereotipo de traje futurista. Resumindo, tudo isso fez a obra ficar com um tom estético muito kitsch, de tão brega que ficou no aspecto visual. Principalmente quando se olha na caracterização extravagante e espalhafatosa da Hera Venenosa e numas cenas dos becos de Gotham mostrando uma gang de motoqueiros todas pintada parecendo que estão numa festa a fantasia. Enfim. Uma verdadeira vergonha alheia de ver.



RAZÃO Nº4
PÉSSIMAS ATUAÇÕES



Ainda pior do que o roteiro com piadas foras de timming e os designs de produção com fotografia cheia de cores berrantes, com figurinos espalhafatosos onde tudo isso já criava  uma atmosfera brega. A coisa fica ainda pior  quando você analisa as péssimas atuações em relação a escolha de elenco que Schumacher tomou para estes dois filmes da franquia do Batman que ele dirigiu. E olhe que ele escolheu nomes de pesos, muitos star talents. Mas mesmo assim não foram suficientes para sustentar as tramas com um texto muito abobalhado, a um nível bastante infantiloide. Isto se reflete, principalmente no desfalque do protagonista. Inicialmente Schumacher queria manter Michael Keaton como protagonista. Mas como ele se mostrou bastante inconformado com as mudanças de rumos, declinou do projeto e então ele escalou Val Kilmer para ser o protagonista. Um excelente ator, mas com uma personalidade problemática. Além da dor de cabeça com Val Kilmer que deu muitos pitis nos bastidores, Schumacher também enfrentou uma enorme dor de cabeça com Jim Carrey e Tommy Lee Jones, os interpretes dos  antagonistas da obra Charada e Duas-Caras. Kilmer fez uma representação bastante apática do papel. O mesmo ocorre com Tommy Lee Jones que mostra um evidente desconforto no papel do Duas-Caras, principalmente na caracterização ridícula muito carnavalesca do personagem. E Jim Carrey, tipo até que ele se mostra bem à vontade no papel imprimindo os seus trejeitos e maneirismos de trabalhar no humor físico, porém, dá para se perceber o quanto que ele acaba colocando um tom  afetado demais no personagem a ponto da motivação mirabolante dele ser muito pífia para sustentar a trama. E o pior fica mesmo quando ele colocou George Clooney para substituir Val Kilme em Batman & Robin, onde este mostra um tremendo constrangimento em representar várias cenas  que dão vergonha alheia de ver. Enfim, mas de todos estes nada se compara ao quinto e último  intem dessa lista de razões onde este ai dá para ver que não dá mesmo para ver a dificuldade em defender  Joel Schumacher.



RAZÃO Nº5
MODIFICAÇÃO DA ORIGEM DA BATGIRL




De todos estes mostrados na lista, a pior ideia do que Joel Schumacher imprimiu na franquia foi na maneira como ele teve a “brilhante” e duvidosa ideia de ao inserir a Batgirl  em Batman & Robin, alterar sua origem. Em vez dele a apresentar na figura da Barbara Gordon, a filha do Comissário Gordon. Ele aqui  modificou a apresentando como Barbara Wilson, sobrinha do Alfred, o Mordomo de Bruce Wayne.  Talvez porque como a presença do Comissário Gordon foi tão mal explorada nesta franquia  desde o primeiro filme  dirigido por Tim Burton. Que aliás, vale mencionar que os únicos atores remanescentes de Tim Burton foram os que estiveram presentes nestas duas obras da franquia do Batman dirigida  por Joel Schumacher foram os que fizeram os idosos  Mordomo e o Comissário. Ambos já falecidos como  Michael Gough(1916-2011) na pele do Mordomo Alfred  e Pat Hingle(1924-2009) como o Comissário Gordon. Pior ainda do que ver o quanto que o diretor errou feio em modificar a origem da Batgirl e que dá enorme vergonha alheia de ver. Foi ver o quanto que o diretor não teve o mínimo de  pudor de explorar a hipersexualização ao  obejtificar a heroína com os closes anatômicos na cena dela vestindo o traje. O tom erotizado colocado na obra deixou parecendo estrelar um comercial de filme  privê, tornando muito bizarro ainda mais por ser ter sido pensado em atrair crianças para as compras dos brinquedos. Alicia Silverstone coitada, na época estava com a carreira em franco crescimento depois de estrelar produções voltadas para o nicho juvenil. Quando veio o convite para o papel nessa produção de alto orçamento, a carreira dela ficou completamente queimada. O que a deixou bastante traumatizada principalmente pelo traje desconfortável que ela usava em cena, fora o fato da crítica maldosa na época  achar que ela  estava um tanto gorda para representar um papel num filme daqueles. Isso resultou dela parar de vez na carreira. De vez em quando, ainda atua em pequenas participações nas produções de baixo orçamento.

Bom, no balanço geral, dá para se compreender as razões do porque que boa parte do público em geral, seja da critica especializada ou mesmo do fandom do Batman odiarem  estes dois filmes do herói dirigidos por Joel Schumacher. Mesmo assim que  aqui fique a homenagem a ele. Da maneira torta é claro.
R.I.P
JOEL SCHUMACHER
(1939-2020).

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