segunda-feira, 8 de março de 2021

MINHA REVISITA A VR TROOPERS NA NETFLIX

 

REVISITANDO A VERGONHA ALHEIA DA INFÂNCIA.

 

Durante o melancólico 2020, marcado pelo pânico causado pelo Coronavírus, eu que fiquei sem sair de casa e não retomei nem para  uma ida para o cinema depois que as salas foram reabertas, me sobrou conferir um pouco da Netflix. E neste período eu dei uma revisitada numa série que eu assistia muito quando criança na TV Globo e depois de reassistir pude constatar bem com  um tom de estranheza muitos anos depois como ela envelheceu mal. Estou me referindo a VR TROOPERS(EUA, 1994-1995).





Uma adaptação americana da Saban Enterteniment de três  séries japonesas do gênero tokusatsu, que compõe a franquia metal hero.  Ambas da década de 1980 que originalmente já tinham sido exibidas no Brasil como Guerreiro Dimensional Spielvan(Jikuu Senshi Spielban, Japão, 1986-1987) e Metalder-O Homem Máquina(Chōjinki Metarudā, Japão, 1987-1988). Com a inserção na segunda temporada do Policial do Espaço Shaider('Uchū Keiji Shaidā', Japão, 1984-1985).





A ideia da produtora de fazer essa adaptação aconteceu como consequência do sucesso de Mighty Morphin  Power Rangers(EUA,1993-Atual) uma adaptação da série japonesa super sentai Kyōryū Sentai Zyuranger(Japão, 1992-1993). Uma realização de um antigo desejo de exportar tokusatsu para o Ocidente, através dessas adaptações.



Já que lá pelo final dos anos 1970, Stan Lee(1922-2018) criador do Universo Marvel  cedeu o Homem-Aranha para ser adaptado pela Toei numa série tokusatsu, lançada em 1978, como forma de atrair o mercado asiático,  com características bem típicas dos japoneses que envolviam o Homem-Aranha encarar monstros que se agigantavam e chamar um robô gigante Leopardon para enfrenta-los. Isso passou a  ser colocado  na franquia Super Sentai, série dos super  esquadrões criadas por Shotaro Ishinomori(1938-1998), o cabeça da franquia Kamen Rider,   a partir de 1975 com Himitsu Sentai Gorenger(1975-1977), e que a partir da terceira série da franquia que foi Battle Fever J (1979-1980), que contou com a participação direta do próprio Stan Lee é que foi inserido o Robô Gigante que permanece até hoje. Foi  Lee quem tentou trazer para o Ocidente bem antes do empresário israelense, nascido no Egito, Haim Saban vim a adaptar Super Sentai para Power Rangers para o Ocidente  no começo dos anos 1990.




Como bem foi  mostrado no episódio da terceira ou quarta temporada da série documental da Netflix,   Brinquedos Que Marcaram Época(The Toys That Made Us, EUA, 2017-2019). Ao entrevistarem a produtora de TV Margareth Loesch, responsável por produzir grandes desenhos com a Marvel Productions,  que foi com quem Lee mostrou o material da série Taiyou Sentai Sun Vulcan (Japão, 1981-1982) e quando ela apresentou o material  editado aos executivos de muitas  emissoras, a maioria detestou, achou a produção de qualidade questionável, brega, com efeitos especiais capengas enfim.






Isso fez Lee terminar desistindo do projeto, anos depois em 1984, Saban que na época já estava envolvido  no ramo do entretenimento  sendo   responsável por  produzir jingles de séries animadas famosas, como a de He-Man, Inspetor Bugiganga entre outros desenhos  famosos dos anos 1980. Tinha feito uma viagem ao Japão e ao assistir na TV do seu quarto de hotel, havia ficado impressionado  ao se deparar  com a então série super sentai em exibição na TV Asahi que foi Choudenshi Bioman(Japão,1984-1985), série que antecedeu ao famoso Esquadrão Relâmpago Changeman(Degenki Sentai Changeman, Japão, 1985-1986), que passou aqui no Brasil entre o final dos anos 1980 e começo dos anos 1990, sendo distribuído pela  Everest Vídeo. E que recentemente passou na Band durante essa quarentena da Pandemia do Covid-19.




Ao se deparar com essa série, Saban teve a ideia de tentar adapta-la para Power Rangers antes de Zyurangers. Chegou a fazer um esboço, escalou o elenco, gravou um piloto não indo para frente até finalmente ver  o seu sonho ser concretizado em 1993 com Mighty Morphins Power Rangers.

Depois que viu Power Rangers bombar, Saban e seu então sócio, o israelense Shuki Levy resolveram alçar outros voos,  desta vez adaptando outra franquia japonesa de tokusatsu que foi a Metal Hero.



Depois que dei uma recente revisitada na série, acompanhando  todos os 50 episódios da primeira temporada que esses eu já tinha visto e revisto  bastante quando eu era criança,  na época que passava nas manhãs da  Rede Globo na antiga grade infantil da TV Colosso(1993-1997) hoje ocupada por programa de variedades lá pelos idos de 1995/1996,  e os 40 episódios da segunda temporada onde que essa eu não acompanhei antes, porque ela teve uma passagem muito obscura aqui no Brasil,   antes que saísse do catálogo da Netflix. Pude constatar com outros olhos, as razões do porquê de  ao contrário de Power Rangers ter conseguido vingar como adaptação de Super Sentai ao Ocidente e virar uma grande marca,  o mesmo não se pode dizer em relação a VR Troopers como outra tentativa de adaptação de outra franquia  de tokusatsu para o Ocidente.

O enredo da série girava em torno de Ryan Steele(Brad Hawkins), um jovem atleta faixa preta no karaté da Escola de Artes Marciais Tao Dojo, administrada por Tao Chong(Richard Rabago), é lá que ele também se torna o instrutor da academia junto de seus inseparáveis amigos JB Reese(Michael Bacon, no IMDB seu nome  aparece registrado como Michael Hollander) e Kaitilin Star(Sara Brown), que é jornalista do importante jornal de maior circulação da cidade fictícia  de CrossWorld, o  Daily Voice Underground. Nesse jornal, ela trabalha com Woody Stoker( Michael Sorich) seu excêntrico editor-chefe e o Percival “Percy” Rooney III(Aaron Pruner) um sujeito completamente esnobe, egocêntrico  por ser sobrinho do Prefeito de CroosWorld  e com um comportamento bastante   pitoresco, que em qualquer situação se acha bom, mas que no fundo não  passava de um sujeito patético, vivia espirrando por ser alérgico a qualquer coisa,  com um ar bastante dissimulado de ficar no pé da Kaitilin ao deixar seu evidente ar de inveja com ela, pelas boas matérias que ela escrevia para o jornal.  

Um dia Ryan e seus amigos, recebem uma mensagem eletrônica misteriosa no computador do Tao Dojo, que foi do Professor Horátio Hart(Julian Combs) para irem até o laboratório dele e lá, descobrem que ele um programa de computador foi quem os recrutou para uma grande batalha do mundo  virtual movida por um ser maligno chamado Grimlord que é o alter ego do ganancioso e prepotente empresário Karl Ziktor(Gardner Baldwin) dono das Industrias Ziktor, que ao pegar a mão numa bola de cristal e diz: “Poder da escuridão venha a mim, leve me de volta a realidade virtual”. Onde se transforma no horroroso,  asqueroso, nojento e crápula do  Grimlord-Mestre do Mundo Virtual, onde tem entre seus asseclas General Ivar e General Icebot, que a cada episódio com um plano mirabolante envia sempre um mutante ou mesmo mechanoide para dominar o mundo real e o virtual e sempre envia seus soldados skugs para enfrentar os Troopers e na segunda temporada teve o incremento da em outro cenário do Oraclon, Doomaster, Despera  e os Skugs mudam de forma com as cinco guerreiras aumentando ainda mais a ameaça.

É a partir daí que terá início a jornada dos Troopers para combater as forças do mal, e especialmente Ryan terá motivos  pessoais para isso, já que ele descobre logo no primeiro episódio que seu pai, o cientista Tyler Steele(David Carr), que havia sumido da vida dele desde quando  era criança foi quem desenvolveu o programa virtual junto com o Professor Hart da Realidade Virtual e ao longo dos episódio  descobre que ele foi  sequestrado por Grimlord.

Uma das razões que posso argumentar, que me fez observar depois dessa revisitada na série após muitos anos que havia visto na infância pela TV Globo lá pela segunda metade da década de 1990, é  no quanto pude constatar como ela ao contrário de Power Rangers que conseguiu vingar ao adaptar os tokusatsu da franquia super sentai originais  japoneses para o público do Ocidente  e se estabelecer como uma grande marca mundial, VR Troopers no caso não conseguiu obter  esse feito com relação a adaptar a franquia Metal Hero para o Ocidente. E um dos principais problemas que posso destacar, está no fato de que a Saban teve uma ideia duvidosa de não respeitar como um dos principais  pontos característicos que envolvia a essência  dessa franquia é que nelas, os heróis enfrentavam as ameaças dos diabólicos impérios malignos sejam vindos do espaço ou mesmo do subterrâneo, como seres solitários. E não em equipe, como acabou acontecendo em relação a VR Troopers.

Originalmente, a Saban tinha pensado em fazer apenas uma adaptação de Metalder, onde até gravou um episódio piloto, onde a proposta da estética se mostrava bem diferente do tom que foi tomado na série. Nesse episódio piloto, cujo nome original era Cybertron, que  depois  da Saban verificar que o registro do nome já  era da propriedade intelectual da Hasbro, fabricante de brinquedos, dona da  linha Transformers, que não por acaso comprou há dois anos da Saban a franquia dos Power Rangers.

Nesse episódio piloto, onde o protagonista se chamava Adam Steele  e foi interpretado primeiramente Jason David Frank, o Tommy Oliver, Ranger Verde de Power Rangers, mostrou preservando algumas características que foram mantidas na série, como ele encarando um  torneio de artes marciais, onde ele é instruído pelo Tao, enfrenta um adversário interpretado por Brad Hawkins que acabou com o seu papel com o nome alterado para Ryan Steele. O curioso é  que o Tao passaria a figurar como seu mentor e sabia do segredo de Grimlord, que também foi mantido a característica dele ser um alter ego humano como era em Metalder e seus asseclas,  e como em Metalder, eles também mantiveram a figura do cachorro falante que na série virou o Jeb. Companheiro de Ryan desde que ele era uma criança e ele um  filhote. Praticamente seria uma versão solitária dele e que também existia na contraparte japonesa.  O episódio piloto não carregava abordagem envolvendo Realidade Virtual que era de onde vinha os seus poderes e onde vinha a ameaça do Grimlord que na contraparte japonesa de Metalder  era inspirado no Imperador Neroz, como acabou resultando depois, o que provavelmente deve explicar o porquê da ideia de juntá-lo a Spielvan já que achando que um herói solitário poderia não ser muito rentável, principalmente para atrair o marketing do licenciamento dos brinquedos como ocorria a Power Rangers e para aproveitar a onda moderna do desenvolvimento tecnológico da Realidade Virtual que ainda estava longe de virar uma realidade como agora. Ainda mais se a gente for lembrar que ainda vivíamos na fase pré-midia digital, trazia uma estética futurista. Com as modificações, resultou de  Jason Frank desistir da série e retornar a Power Rangers reprisando o papel do Tommy agora assumindo o posto de Ranger Branco inspirado em Kiba Ranger na contraparte japonesa de Gosei Sentai Dairanger(Japão,1993-1994) inserido na segunda temporada de Power Rangers. E Brad Hawkins acabou assumindo o protagonismo da série.

A ideia duvidosa da Saban de adaptar  duas diferentes séries de  tokusatsu japonesas, três com o enxerto de Shaider a partir da segunda temporada, as mesclando, unindo, cuja características são de heróis solitários para formarem uma equipe trouxe uma grande estranheza ao público.  E  esta estranheza ao revisita-la pude constatar pela forma como ficou  estruturada e remendada sua estética, onde por exemplo, como a ideia inicial era só adaptar Metalder, todo o ponto central da trama girava em torno de Ryan Steele, que quando se transformava na primeira temporada virava a armadura de Metalder. Isso ficava evidente ao longo dos 90 episódios que a série contou em suas duas temporadas,    quando a cada episódio nós telespectadores erámos lembrados disso, onde ao iniciar vinha a introdução de Ryan fazendo uma narrativa em off lembrando de sua infância treinando Karatê com seu pai em um templo japonês com suas mensagens motivacionais que seu pai ensinou  para nos inserir a situação da ameaça provocada por Grimlord invocando o monstro do dia, para botar em prática seu plano mirabolante de dominar a humanidade no mundo real e os  Troopers tentarem impedir e ao terminar o episódio mostra Ryan retornando aquele lugar de sua infância com a narrativa em off provando como a ótica da série centrava  em torno dele narrando na   primeira pessoa.  Isso porque tudo foi ali  consequência do resultado da pesquisa de realidade virtual desenvolvida por  seu  pai Tyler muitos anos atrás, que ele até então  achava que  estava morto, mas, na verdade havia sido capturado e mantido refém pelo Grimlord. E o Professor Hart sabia disso, porque muitos anos antes dele virar uma máquina, vivendo numa tela  de computador, ele ajudou seu pai na pesquisa quando ainda era ser humano e que só no episódio em que os Troopers vão atrás de uma caixa que mostrava a real identidade de Grimlord  é que soubemos quando  ele virou máquina,  quando foi morto por Grimlord, onde Tyler transferiu sua consciência cerebral e o transformou numa inteligência artificial.

Por Ryan ser o ponto central do mote da série, era notável que seus dois companheiros  Troopers, o J.B Resse e a Kaitilin Star ficavam deslocados, desfocados da obra,  mesmo dividindo o protagonismo com o Ryan. Mais parecendo figurarem como se fossem os  sidekicks de Ryan, o equivalente a se Ryan fosse o Batman, J.B. seria o Robin e Kaitilin seria a Batgirl.

Fora que do mesmo jeito  como ocorria em Power Rangers em seus primeiros anos, a Saban para compensar a carência de recursos, inseriu materiais já prontos das séries japonesas, como  bem o próprio   Haim Saban descreveu no episódio da série  documental Brinquedos que Marcaram Época. No caso de Power Rangers ele inseriu muito nas cenas de batalhas deles transformados e com os mechas com os monstros agigantados. Em relação a Power Rangers, não se percebia tanto destoamento da qualidade  de imagem das películas originais japonesas remendadas  porque como a primeira série super sentai  Zyuranger era uma produção recente de 1992, e Power Rangers veio em 1993 e logo depois em 1994 fora inserido os mechas e os monstros de Dairanger e com Tommy retornando como o Ranger Branco inspirado no Kiba Ranger com sua adaga falante, a estranheza não era muito perceptível, já  com relação a essa adaptação de três  séries da franquia metal hero que não tinham nada em comum, a não ser por serem da década de 1980, já deixavam evidente como a qualidade envelhecida  das  imagens  das películas japonesas, principalmente nas cenas de batalhas na Pedreira em Yorii, próximo a Provincia de Saitama onde costumava servir de locação para as produções da Toei Company. Já mostrava uma forte estranheza nessa colcha de retalhos que a Saban fazia. Confesso que em alguns momentos me deu uma vergonha alheia, ver por exemplo nessas cenas a inserção de diálogos que não precisaria necessariamente ter. Principalmente porque como eu já tinha visto originalmente Spielvan quando passou originalmente na extinta Rede Manchete no começo dos anos  1990, isto lá para 1991, com o nome de Jaspion 2, uma sugestão da então distribuidora Everest Vídeo,   uma das três adaptadas por VR Troopers, não acompanhei Metalder que tinha passado na Band na mesma época de Spielvan, lembro vagamente de ver a série super sentai Gigantes Guerreiros Google Five(Dai Sentai Google Five, Japão, 1982-1983).  E lembro vagamente de ter visto uns dois episódios de Shaider quando passou originalmente na Rede Globo de forma bem obscura. Como eu ainda tinha Spielvan fresco na memória achava muito estranho observar como ele tinha pouco destaque na série, representado pelo J.B e a Kaitilin. Só aparecer alguns mechanoides, o General Deslock virar Ivar e Dr. Bio virar Icebot e os Crown virarem Skugs(que parecia soar com Skank, nome da famosa banda de rock-reggae brasileira), que quando se tocavam provocavam choque e sumiam, confesso que até achava divertido apesar da estranheza. Se para nós brasileiros que já havíamos acompanhados as versões originais japonesas  escolhidas para serem adaptadas pela Saban, já achamos estranho os remendos da série, imagine o público americano que não tinha visto antes estas séries originais que nunca tinham passado em solo americano.  Fora que o modelo do design das armaduras feitas para serem gravadas na série destoava muito das versões japonesas que eram inseridas nas cenas de batalha. Como o capacete de J.B. parecer um objeto oval, a armadura da Katilin explorou muito exageradamente os  tons  anatômicos dos seus  seios e da sua bunda a ponto dela parecer um tanto gordinha e as armaduras de Ryan também destoavam demais das versões de Metalder e Shaider, e  o que falar do Grimlard vestido de forma carnavalesca quando muda de localização no mundo virtual.

Pelo menos o trio protagonista mostrou ter dado bem conta do recado nos papeis que lhe couberam representar, principalmente pelo carisma mostrado  em cena. Defendendo bem em cena.  

Brad Hawkins na pele do Ryan Steele mostrou muita segurança no papel, mesmo  com a pouco idade que tinha na época com apenas 18 anos,  ao desempenhar o personagem que era todo o ponto central da série, em todas as suas camadas e nuances. Desde a mais dramática dele lidando com o drama de ter crescido ausente de seu pai que foi capturado por Grimlord, e a série não mostrou nada  sobre sua mãe, mas se deduz que ela morreu quando ele era bem pequeno, devia nem ter um ano,  e não chegou a conhece-la ou seja um órfão, uma característica que foi    bem trabalhada dentro da fórmula campbeliana da Jornada do Herói, até mesmo a mais cômica quando ele perde a paciência com o seu cachorro Jeb fazendo umas trapalhadas. Michael Bacon ou Michael Hollander como aparece registrado o seu nome no IMDB, mas que na série assinava com este codinome representando o J.B. Reese,  na época com apenas 27 anos, sendo nove mais velho que Brad Hawkins também demonstrou uma boa defesa do seu papel que dividia o protagonismo com o Ryan, mesmo ele tecnicamente figurando como um deslocado, um desfocado da história, já que o ponto central da obra era sempre o Ryan. Ou seja, ficava muito a sombra dele, mesmo assim o ator conseguiu defender o seu papel ao dar uns toques nerds entendendo de informática  ao personagem sem fazer ele parecer um estereotipo abobalhado e infatiloide e o representou bem como um companheiro inseparável do Ryan como se fosse uma espécie de irmão que ele nunca teve, serviu bem  para essa função.

E Sara Brown na pele da Kaitilin Star, também mostrou uma ótima defesa do papel, mesmo na época estando com apenas 19 anos e mantinha uma relação amorosa com um dos produtores da série Shuki Levy. Com quem até casou e tiveram um filho. Mesmo a personagem sofrendo do mesmo problema do J.B. de ficar bastante deslocada e desfocada da trama central que girava em torno do Ryan. Porém, a atriz mostrou um bom  desempenho em dar uma outra  função não só  como companheira Trooper do Ryan, mas também como jornalista do importante jornal em circulação de CrossWorld, o Daily Voice UnderGround. Com um perfil de intrépida repórter equivalente a Lois Lane nas histórias do Superman.

A maneira como a sua profissão foi  retratada na série representou bem um detalhe do quanto que a estética da obra  ficou bastante datada. Principalmente pela forma como o jornal Daily Voice Underground, ainda trabalhava como mídia impressa, naquele período onde o  recurso da internet como instrumento de uso comum  estava  ainda engatinhado, não eram todas as residências que tinham os acessos fáceis e ela era uso mais restrito a algumas camadas. Fora que por exemplo, tanto nas cenas do Jornal Daily Voice Underground, quanto no Tao Dojo e no Laboratório do Professor Hart é bem perceptível ser mostrado  eles mexendo  com os modelos de computadores de telas quadradas com tubo polegadas, que hoje em dia ficaram bastante obsoletos e foi bem na época do surgimento do famoso modelo  Windows 95, fora o uso de pagers para se comunicarem numa época em que os celulares ainda eram em formato de  telhas. E arquivando em disquetes.  E como a internet ainda engatinhando, é até perdoável o fato de que o Jornal onde Kaitilin trabalhou na série ainda não tenha aderido a formação da mídia digital criando uma página do site e usado o método tradicional como mídia física. Nesses tempos em que ao chegarmos   a terceira década do século 21, as mídias digitais tem sido mais dominantes do que as físicas, a ponto de muitos jornais fecharem, editoras entrarem em crise como aconteceu recentemente com o fechamento da gráfica própria da Editora Abril, a mais importante empresa de editoração gráfica brasileira que agora passou a continuar o seu trabalho de impressão das poucas revistas que tem em seu catálogo em gráficas terceirizadas. E fora algumas vestimentas muito bregas.

Além desse trio protagonista, também merece destaque de minha parte as participações secundárias  de Michael Sorich como Woody Stocker e Aaron Pruner como Percy Rooney. Os dois alívios cômicos da série que trabalham no jornal Daily Voice Underground de Crossworld. É bem compreensível que a Saban criou essa dupla cômica para equivaler ao que estava dando certo em Power Rangers com a dupla Bulk e Skull que roubavam as cenas quando implicavam com os rangers na escola de Alameda dos Anjos fazendo bullying com aquele jeito de vestir bem rebelde  grunge. Algo que no papel parecia uma maravilha, na execução falhou miseravelmente.  Principalmente o Percy que era chato demais, eu já não simpatizava muito com este personagem  desagradável  pra cacete,  na época que eu acompanhava a série na Globo lá pela década de 1990, e continuei não gostando do Percy depois dessa minha  revisitada  nela na Netflix. Aaron Pruner que representou o personagem então com apenas 18 anos de idade na época, até que desempenhou  razoavelmente bem  o personagem no humor mais físico, bem caracteristicamente circense,  porém o texto não o ajudou muito nos diálogos bastantes patéticos onde ele falava coisas muito afetadas com aquele perfil egocêntrico dele, que saia sem muito timming  mostrando como o humor dele era  bastante sem função e deslocado da trama. A maneira afetada dele agir muito abobalhado e patético, fazia ele ficar no típico estereotipo de nerd com óculos e com vestir de forma elegante. O nível da chatice do quanto  Percy para mim era bastante irritante e desagradável, pode ser comparável ao Scooby-Loo a verão mirim do Scooby-Doo ou mesmo  como aconteceu posteriormente com o Jar Jar Binks em Star Wars-Episódio 1: A Ameaça Fantasma(Star Wars: Episode I – The Phantom Menace,EUA,1999). Já Michael Sorich como Woody não sofreu tanto desse problema mesmo ele sendo um editor-chefe excêntrico, pelo menos ele sabia trabalhar o timming cômico do personagem, e sabia o momento certo dele agir de forma mais séria, principalmente quando queria convencer a Kaitilin a escrever matérias que ela não gostava, coisa que faltou demais no Percy.

 

A série também contou em seu elenco com Julian Combs como o Professor Hart, que representou bem o seu papel na série  procurando colocar um tom mais humanizado e emotivo ao personagem mesmo ele sendo uma inteligência artificial preso numa tela de computador,  que teve sua vida  eternizada do seu  antigo cérebro humano depois que perdeu a vida ao ser assassinado pelo Grimlord, e isto graças a Tyler Steele de quem no passado quando era humano ainda colaborou em suas pesquisas para o desenvolvimento da realidade virtual.

Outras menções  do elenco vai para David Carr fazendo participações pontuais como o Tyler Steele, pai do protagonista, que desempenhou bem o papel, apesar de eu achar o seu rosto muito sem expressão e um tanto apático. Pareceu demonstrar uma emoção muito fria.

Também mencionar  e destacar as participações de dois atores desse elenco que já não se encontram mais vivos nesse plano físico, partiram para o plano espiritual que são Gardner Baldwin como Karl Ziktor/Grimlord e Richard Rabago como Tao.

Gardner Baldwin ficou incrível  como o antagonista Karl Ziktor/Grimlord na série, ele que faleceu em 2011 aos 60 anos esteve excelente na série. Principalmente na forma como ele representando o prepotente e crápula do empresário Karl Ziktor, dono das Industrias Ziktor em CroosWorld. Sua magnifica  representação e entrega ao papel principalmente na maneira ameaçadora e intimidadora  de olhar, e soltando umas constantes risadas secas e diabólicas, mostravam o nível da megalomania sem limites que ele tinha, fora a sua excentricidade exótica dele ter como bichinho de estimação uma iguana que ele batizou de Juliette.  E mesmo quando vira o asqueroso Grimlord onde apenas faz um papel brilhante emprestando a voz.

Já Richard Rabago, que representou o Tao na série, que faleceu em 2012, com 69 anos. Nascido no Havaí, de descendência nipônica, do mesmo jeito que seu personagem na série, Rabago sempre foi praticante das artes marciais, mostrando inclusive uma ótima verossimilhança ao papel. Ele defendeu bem o papel de instrutor dos Troopers, sem perceber que eram os Troopers. Visto que como originalmente o personagem tinha sido pensado para ser o mentor de Ryan Steele quando a série estava planejada apenas para ser uma adaptação de Metalder, para não desperdiçado, já que a mentoria acabou ficando com o Professor Hart,  o colocaram bem nesta função de instruir os Troopers com as artes marciais.

Confesso em um balanço geral, que ao revisitar esta série depois de muitos anos, constatar com outros olhos que assim até que achei divertido mesmo ficando ruim e estranhando demais o tipo da estética e rindo de nervoso de momentos constrangedores. Só lamento não terem mantido o áudio com o casting  das vozes dubladas pelo antigo estúdio de dublagem do Rio de Janeiro, a  Herbert Richers que foi exibida  na saudosa manhãs da Rede Globo,  nessa versão dublada exibida pela Netflix, a dublagem foi produzida no outro estúdio de dublagem   também do Rio de Janeiro como a Herbert Richers, que no caso aqui foi na Gemini Mídia, onde todas as vozes foram alteradas. Desde os heróis até mesmo os aliados e vilões da trama. Uma pena.

Enfim, posso simplesmente descrever que revisitar VR Troopers pela Netflix  me proporcionou um momento nostálgico bastante vergonhoso.

 

 

 

 

 

 

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